Com caixa baixo, Tesla procura levantar um ‘empréstimo’ de US$ 2 bilhões

Iniciativa tem a intenção de dar fôlego às contas da empresa, que apresentou uma enorme perda de receita no último balanço trimestral
Redação03/05/2019 22h47, atualizada em 04/05/2019 00h36

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Elon Musk passou o último ano insistindo que a Tesla poderia chegar a um nível de rentabilidade sustentável – tudo isso sem qualquer ajuda financeira adicional de investidores. Porém, diante do cenário desfavorável, a companhia mudou de ideia e admitiu, silenciosamente, que estava errada. Ela inclusive já tem planos para levantar outros US$ 2 bilhões fresquinhos com a venda de uma mistura de dívidas e patrimônio.

A iniciativa acontece apenas dias depois da Tesla anunciar uma grande e inesperada perda no primeiro trimestre de 2019. Segundo o relatório, o dinheiro guardado da companhia está mais escasso – de US$ 3,7 bilhões no início do ano passou para US$ 2,2 bilhões em 31 de março.

A diminuição no saldo bancário é, principalmente, reflexo de alguns eventos isolados – como o pagamento de um empréstimo de US$ 920 milhões e os esforos de produção para que os novos carros estejam à disposição dos consumidores no fim do trimestre. Ainda assim, ter apenas US$ 2,2 bilhões no banco é algo preocupante para uma companhia já conhecida por ter perdido mais de US$ 700 milhões em um único trimestre.

Um acréscimo de US$ 2 bilhões no banco daria à Tesla um respiro necessário. E a empresa tem uma série de aplicações para esse dinheiro extra, como a produção de uma série de veículos – incluindo a SUV Model Y, o Tesla Semi e o novo Tesla Roadster – prevista para iniciar antes do fim de 2020.

Para atrair os credores

Os mercados reagiram positivamente ao anúncio da Tesla: o preço de uma ação da empresa subiu 3% em relação ao valor de fechamento da última quarta-feira (01/5). A Tesla pretende vender US$ 642 milhões em ações, conforme a cotação atual, e também oferecerá US$ 1,35 bilhão em notas seniores conversíveis – um tipo de dívida que dá ao credor a opção de pegar ações da Tesla (a um preço fixo) em vez de dinheiro quando o empréstimo vencer.

Na prática, isso significa que a Tesla precisará pagar o empréstimo em maio de 2024, caso o preço das suas ações tenha um mau retrospecto nos próximos cinco anos. Se a ação tiver um bom desempenho, por outro lado, os credores optarão por elas. Esta opção de conversão de ações suaviza o pote para os credores, ajudando a Tesla a obter uma taxa de juros menor do que a empresa poderia obter com um empréstimo mais convencional.

A Tesla pagou US$ 920 milhões em março e deve pagar cerca de US$ 2 bilhões em empréstimos nos próximos dois anos – um crescimento que, importante frisar, não é alarmante. No passado, a Tesla se apresentava como uma startup em rápido crescimento, que precisava tomar empréstimos pesados para financiar seu salto. Mas só faz sentido investir no crescimento se isso eventualmente levar a lucros saudáveis. Durante a mais recente divulgação dos relatórios, os executivos disseram não esperar um retorno aos lucros até o terceiro trimestre.

O valor dos títulos emitidos anteriormente pela Tesla despencou no início deste mês, quando a empresa anunciou que a entrega de automóveis no primeiro trimestre seria mais fraca do que o esperado. Assim, a companhia pode ter que aplicar uma taxa de juros mais alta do que no passado, para convencer investidores a assumirem o risco com uma empresa cuja viabilidade a longo prazo está longe de ser certa.

Fonte: Arstechnica

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital