Imagine a seguinte situação: você precisa comprar um cartão microSD para usar na sua câmera, pois quer gravar alguns vídeos em Full HD e não tem mais espaço. Aí você encontra um camelô vendendo um cartão microSD de 64 GB por R$ 30. Você compra o cartão e sai feliz da vida. Afinal, acaba de fazer um ótimo negócio, certo?

Errado. Você descobre depois que o microSD que você comprou é um cartão antigo Classe 2, e por isso só consegue gravar, no máximo, 2 MB por segundo. Justamente por isso, ele não é capaz de gravar imagens em Full HD. Seus vídeos terão que ser gravados em uma qualidade menor – ou você precisará apagar algum arquivo da memória da câmera para gravar em Full HD.

Isso porque a capacidade não é o único fator importante dos cartões microSD. Além disso, eles também têm outras características importantes que, embora fiquem meio esquecidas, podem fazer toda a diferença. Leia abaixo quatro dicas não errar na hora de comprar um cartão microSD.

Velocidade de gravação

Cartões microSD diferentes têm diferentes velocidades de leitura e gravação. A velocidade de leitura é aquela no qual a informação pode ser “lida” a partir do cartão. Por exemplo: se você quiser assistir a um filme gravado no cartão, o arquivo precisará ser “lido” a uma velocidade suficientemente rápida para que a taxa de quadros do filme fique adequada. Filmes com maior qualidade, portanto, exigem maior velocidade de leitura.

Velocidade de gravação, por outro lado, é a velocidade com a qual informações podem ser gravadas. Aqui, o raciocínio é o contrário: se você for gravar um vídeo no cartão microSD, é preciso que a informação seja gravada numa velocidade suficientemente alta para que nenhuma informação se perca. Por isso, quanto maior a resolução e a taxa de quadros do vídeo que você quiser gravar, maior precisa ser a velocidade de gravação do cartão.

Enquanto a velocidade de leitura costuma não ser problema, a de gravação pode dar problema sérios. Para saber qual é a velocidade de gravação de um cartão microSD, basta olhar para a sua “Classe”. Existem cartões classe 2, 4, 6, 8 e 10. Um cartão de classe 2 é capaz de receber informações a 2 MB por segundo; o de classe 4, a 4 MB por segundo, e daí por diante. Essa informação pode ser vista no próprio cartão, como mostra a imagem abaixo.

Se você quiser gravar vídeos em Full HD, precisará de um cartão Classe 6 ou superior. Vídeos em resolução 4K, ou Full HD em taxas de quadro elevadas, exigem um cartão Classe 10. Além das classes, também há os cartões UHS (da sigla Ultra High Speed). Há cartões UHS de I a III. UHS I garante velocidade de gravação de 10 MB/s; UHS 2, de 20 MB/s, e UHS 3, de 30 MB/s. Esses são os mais confiáveis, mas também costumam ser mais caros.

Compatibilidade

Além da velocidade, os cartões microSD também se diferenciam por um outro fator: formato. Existem dois formatos: SDHC e SDXC. A diferença entre eles é, basicamente, o tamanho: cartões SDHC têm capacidade de 2 GB a 32 GB, enquanto os de SDXC podem ter de 32 GB até 2 TB (embora os maiores existentes atualmente sejam de 512 GB).

Algumas câmeras e alguns smartphones mais modernos aceitam apenas os cartões SDXC. Isso é algo para se levar em conta na hora da compra: não adianta economizar num cartão microSD para a sua câmera se ela só aceitar cartões SDXC. Por outro lado, se você quiser um cartão com pouca capacidade para a memória do seu celular, lembre-se de que, se for menor do que 32 GB, ele pode não funcionar.

No caso dos celulares, há que se considerar também o limite máximo de capacidade do cartão microSD com o qual eles são compatívels. Celulares mais recentes são compatíveis com qualquer cartão SDXC até o limite teórico de 2 TB, mas nem todos são assim. Aquele cartão de 512 GB pode ser um enorme desperdício de dinheiro se o seu smartphone só aceitar cartões de até 64 GB.

Capacidade

Uma vez definidos esses critérios, aí sim vale a pena considerar a capacidade do cartão. Como dito acima, a capacidade dos cartões atualmente vai de (aproximadamente) 2 GB até 512 GB. Mas, como deve ter ficado claro, maior nem sempre é melhor. Dependendo do uso que você pretende para o seu cartão, economizar pode fazer todo sentido.

Por exemplo: seu celular está com a memória cheia e você quer fazer um backup físico de algumas fotos de que você gosta muito. Nesse caso, basta ver qual o espaço que elas ocupam e comprar um cartão microSD de tamanho adequado. Se as suas memórias queridas couberem em 4 GB, não há motivo para gastar mais do que isso.

Agora, vamos supor que você comprou um celular novo e quer aproveitar a câmera dele pra gravar sua viagem de férias em 4K. Nesse caso, mesmo que ele seja um Galaxy S7 Edge com 256 GB de memória, pode ser interessante comprar um cartão de alta capacidade e velocidade para gravar as imagens. Assim, elas ficam armazenadas em um só lugar, e você não precisa se preocupar em ter que apagar aplicativos para poder gravar mais.

Reprodução

Qualidade

Mesmo que já tenha definido exatamente qual cartão microSD você precisa, ainda assim pode valer a pena pagar mais caro por um cartão de uma marca conhecida do que escolher um qualquer de camelô. E o motivo, obviamente, é a garantia de qualidade.

É claro que às vezes a gente dá sorte de encontrar coisas boas e baratas. Mas os cartões microSD, como qualquer outro aparelho eletrônico, podem dar problema. E quando isso acontece, eles podem levar com eles todos os seus dados que estavam gravados lá. Investir num cartão de marca mais confiável pode evitar esse tipo de situação. 

Isso sem falar nas falsificações que existem. Há cartões microSD que dizem ter 64 GB, por exemplo, mas que na verdade têm muito menos que isso. Às vezes, nem mesmo o camelô tem culpa: ele simplesmente compra de alguma fabricante mentirosa, e só vai descobrir a enganação quando algum cliente reclama com ele que o cartão de 64 GB só tem 8 GB. Por isso, é bom sempre desconfiar de preços excessivamente baixos.