Hoje, a Samsung anunciou o Galaxy Note 8, seu celular top de linha que vai competir com os próximos iPhones. A Apple, por sua vez, ainda não revelou os seus tops de linha desse ano, e deve ter ficado atenta ao evento para saber que tipo de concorrência seus aparelhos irão enfrentar quando chegarem ao mercado.
Ao que parece, a briga será feia. Ao menos no papel (e pela rápida primeira impressão que pudemos ter), o Note 8 será um aparelho muito capaz. Nos principais quesitos que mais importam aos consumidores (tela, bateria, performance, design, câmeras, etc) ele parece estar equipado para entregar tanto quanto a Apple pelo preço premium do dispositivo.
Por isso, a empresa da maçã vai precisar se esforçar em uma série de categorias para superar a Samsung. Abaixo, elencamos as categorias em que a Apple precisa trabalhar para vencer sua concorrente coreana – e as chances que ela tem de fazer isso.
1. Um processador extremamente rápido
Com 6 GB de RAM e um processador de 10 nanômetros (o Snapdragon 835 ou o Exynos 8895, dependendo da região), o Galaxy Note 8 deve ser o Android mais rápido do mercado – ou pelo menos um deles. O processador e a RAM devem ser suficientes para que o celular dê aos seus usuários uma experiência extremamente fluida em qualquer situação. A Apple vai precisar fazer melhor que isso se quiser vencer a Samsung.
A Apple consegue?
Nesse ponto, é difícil duvidar da Apple. A tecnologia de semicondutores da empresa é extremamente impressionante. Os processadores A10 Fusion dos iPhones 7 e 7 Plus faziam deles os celulares mais rápidos do mundo por uma grande margem – e isso com apenas quatro núcleos e no máximo 3 GB de RAM. Ele só foi derrotado recentemente pelo OnePlus 5, que além do Snapdragon 835 tem 8 GB de RAM. Portanto, há bons motivos para acreditar que a Apple deve mostrar mais processadores surpreendentes em seus próximos celulares.
2. Uma tela impressionante
A Samsung se tornou uma líder no ramo de displays para celulares. Ela foi a primeira a trazer as bordas curvas (com o Galaxy S6 Edge) e a primeira a reduzir as bordas (com o Galaxy S8). E os painéis AMOLED da empresa são referência no mercado quanto a aparência, alcance dinâmico e eficiência energética. O display do Note 8, com 6,3 polegadas, resolução 2960×1440 pixels e proporção 18,5 por 9 deve trazer todas essas características em sua melhor forma. Não vai ser fácil para a Apple lançar um celular que crie o mesmo impacto visual que ele.
A Apple consegue?
É complicado. Parte do que dá à Samsung essa vantagem no mercado é o fato de que ela própria fabrica suas telas OLED, então ela tem o conhecimento para otimizar os displays para seus celulares. A Apple, por sua vez, não tem isso, e se usar telas OLED, precisará comprá-las da própria Samsung e adaptá-las aos seus dispositivos. Por outro lado, a empresa já conseguiu fazer verdadeiras maravilhas com a tecnologia de display LCD que ela usa em seus dispositivos mais recentes. Mesmo com uma tecnologia mais antiga, eles conseguem produzir imagens deslumbrantes. Então, por menos provável que pareça, ainda há uma chance de que a Apple surpreenda nesse quesito.
3. Câmeras inovadoras
O iPhone 7 Plus foi um dos primeiros celulares top de linha de uma marca de renome a trazer câmeras traseiras duplas. Desde então, muitas outras fabricantes adotaram a mesma estratégia – e, como o Note 8 mostrou, a Samsung foi uma delas. O novo top de linha da empresa coreana tem uma câmera com lente aberta e outra com lente teleobjetiva, o que lhe dá as mesmas capacidades do iPhone 7 Plus – mas as duas têm estabilização óptica, o que falta no celular da Apple. E o software do Note 8 permite levar essas câmeras ainda mais longe, com a capacidade de capturar fotos com os dois sensores ao mesmo tempo. A Apple precisa ter uma resposta para isso.
A Apple consegue?
Com relação a câmeras, os iPhones quase sempre estiveram em uma categoria só deles. Mas recentemente, dispositivos Android como os da Samsung, o Google Pixel e o HTC U11 conseguiram roubar o trono da Apple nesse reino. Claro que as câmeras de seus aparelhos continuam muito boas, mas elas não têm mais a ampla liderança que já tiveram. Mesmo assim, a inovação das câmeras duplas do iPhone 7 Plus mostrou que a empresa está disposta a assumir alguns riscos para retomar seu glorioso posto de outrora nesse quesito – e esses riscos têm compensado. É provável que a Apple dê mais um passo nesse sentido com o próximo iPhone.
4. Recursos interessantes de biometria
Sensores de impressão digital para destravar a tela são interessantes, mas estão ficando muito comuns. Já há celulares Android de menos de R$ 1.000 que têm esses sensores. Para dar aos seus clientes mais fiéis um diferencial, a Samsung incorporou ao Note 8 os mesmos recursos que o S8 já trazia: destravamento por reconhecimento facial e de íris. Os iPhones, por enquanto, só tem os mesmos sensores biométricos que até os Androids que custam três vezes menos que eles já trazem.
A Apple consegue?
Segundo alguns rumores, sim. A empresa estaria trabalhando em um recurso de reconhecimento facial para o iPhone que usaria o rosto do dono para destravar o aparelho. E ele funcionaria com o auxílio de sensores infravermelhos acoplados à câmera frontal, para garantir que, mesmo no escuro, as pessoas conseguissem usar o rosto para destravar o celular. No entanto, esse recurso pode vir junto com a eliminação do sensor de impressões digitais. Nesse caso, se ele não funcionar bem, pode ser uma medida desastrosa para a empresa. De qualquer maneira, ele representa uma disponibilidade para arriscar, o que é um bom sinal.
5. Carregamento sem fio
Mesmo que muitos celulares do mercado já fossem compatíveis com carregamento sem fio, a Apple decidiu lançar os iPhones 7 e 7 Plus sem essa capacidade. E a Samsung não deixou barato. Os tops de linha da empresa desde o S8 têm esse recurso, e o Note 8 não fica de fora. Um dos principais trunfos dos iPhones é justamente ser um celular “premium” com recursos inovadores, úteis e interessantes – três adjetivos que se adequam bem ao carregamento sem fio. Então se a Apple deixar seu próximo iPhone sem isso, pode estar correndo o risco de perder essa imagem.
A Apple consegue?
Ao que tudo indica, sim. Tanto analistas de mercado quanto fornecedores da Apple já deram a entender que os próximos celulares top de linha da empresa terão esse recurso. Não se trata de algo particularmente desafiador – possivelmente, o maior problema da Apple era inserir o recurso de uma maneira que não interferisse muito no design. De qualquer forma, ainda que o celular não tenha carregamento sem fio, é possível que o recurso seja acrescentado depois por meio de uma capinha.
6. Software otimizado
Um dos pontos mais fracos dos aparelhos da Samsung era a TouchWiz, a versão modificada do Android que a empresa usava. Ela não era propriamente ruim, mas era pior do que o Android mais puro. A Samsung Experience, nova versão do software que foi lançada com o Galaxy S8, melhorou muito essa situação. Além de ser mais bonita, ela também era mais rápida e otimizada, e tinha recursos que até mesmo o Android 7.1 deixava a desejar. Com a atualização para Android 8.0, ela deve ficar ainda melhor, e deixaro o desafio ainda maior para a concorrência.
A Apple consegue?
Há bons motivos para acreditar que sim, mas a dúvida nunca foi maior. Um dos principais trunfos da Apple é que ela é a única que fabrica dispositivos iOS, e pode otimizar o sistema para seu próprio software. O Android, por outro lado, precisa ser desenvolvido com milhares de dispositivos diferentes, de centenas de fabricantes diferentes, em mente. Mas com o Android 8.0 e o Project Treble, o Google está andando a passos largos para que essa fragmentação não afete tanto assim o seu ecossistema de dispositivos conectados. Novamente, o desafio para a Apple nesse campo nunca foi maior.
7. Algo de realmente revolucionário
Não há dúvida de que o Note 8 é um aparelho impressionante. Mas, ao fim e ao cabo, ele é basicamente tudo que se espera de um celular. Sim, ele promete ser muito bom em tudo que um celular pode fazer, mas ele não traz nada de novo à mesa. Se a Apple quiser realmente deixar a Samsung para trás nessa geração de celulares, a melhor aposta da empresa é criar algum recurso que realmente mude o que se espera que um smartphone seja capaz de fazer. Algo relacionado a realidade virtual ou aumentada, alguma tecnologia revolucionária de câmera, um display diferente de tudo que já vimos ou uma integração profunda com outros dispositivos da empresa seriam algumas possibilidades.
A Apple consegue?
Infelizmente, a Apple já deixou de ser a ditadora de tendências do mercado de smartphones há bastante tempo. Os últimos anúncios da empresa foram basicamente de produtos semelhantes ao que outras empresas já têm (o HomePod) ou novidades que não fizeram tanto sucesso assum (o Apple Watch). Lógico que a Apple ainda tem o legado de Steve Jobs e no seu passado. Mas a capacidade da empresa de criar outra novidade como aquela está cada vez mais duvidosa.