Na tentativa de impedir a propagação de doenças como dengue e zika, a empresa de biotecnologia Oxitec pretende liberar milhões de mosquitos geneticamente modificados na Flórida e no Texas, nos próximos dois anos. No entanto, cientistas não estão convencidos de que o plano dê certo.
Em teoria, liberar mosquitos transgênicos na natureza é uma maneira válida de matar ou reduzir populações locais: ao inserir espécies estéreis do inseto no meio ambiente, os cientistas podem reduzir drasticamente o número de insetos nascidos na próxima geração.
No Brasil, por exemplo, o conceito só funcionou em um ambiente de laboratório. Em 2019, uma tentativa de conter as populações do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, febre amarela, zika e chikungunya, fracassou. Isso porque, aparentemente, as alterações genéticas de mosquitos transgênicos foram transferidas para a população local de insetos, dando origem a espécies híbridas mais resistentes.
Oxitec pretende liberar milhões de mosquitos geneticamente modificados na Flórida e no Texas. Foto: Hans Braxmeier/Pixabay
Falta de supervisão
Embora a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) tenha aprovado o plano, um grupo de biólogos, ecologistas e pesquisadores de sustentabilidade está preocupado com a falta de supervisão do experimento, segundo artigo escrito ao The Conversation.
Os cientistas afirmam que a EPA não impôs medidas suficientemente fortes para monitorar o experimento da Oxitec e evitar danos não intencionais aos ecossistemas locais. Eles pedem medidas específicas, incluindo um registro de código aberto para organismos geneticamente modificados projetados para se reproduzir na natureza, para ajudá-los a entender melhor o que está acontecendo.
“A engenharia genética oferece uma oportunidade sem precedentes para os humanos remodelarem a estrutura fundamental do mundo biológico”, escreveram os cientistas. “No entanto, à medida que novos avanços na decodificação genética e na edição de genes surgem com rapidez, os sistemas ecológicos que eles podem alterar permanecem muito complexos e pouco estudados”.
Via: Futurism