Cientistas querem imitar ‘cobras voadoras’ em movimentos de robôs

Estudo publicado na revista científica Nature usou sensores de movimentos para estudar a fundo a ondulação aérea de cobras da espécie Chrysopelea Paradisi
Redação01/07/2020 21h43

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Naturais do sul e sudeste da Ásia, as cobras da espécie Chrysopelea Paradisi são notáveis pela capacidade de saltar de árvores e planar no ar por distâncias de até 24 metros. Essa característica não só ajuda os animais a se locomoverem no habitat, mas também os auxilia a evitar predadores.

Quando estão em trajetória no ar, as serpentes promovem ondulações em seus corpos, como se estivessem deslizando no solo. O movimento chamou atenção de cientistas que, nesta segunda-feira (29), publicaram um estudo na revista Nature com novas descobertas sobre a dinâmica das ondulações aéreas da Chrysopelea Paradisi.

Em 2014, pesquisadores chegaram a analisar as forças aerodinâmicas presentes no saltos dos animais. Dessa vez, o objetivo principal foi entender com mais aprofundamento quais os efeitos das ondulações sobre a estabilidade das serpentes enquanto elas estão no ar.

Para isso, a pesquisa usou um sistema de monitoramento de movimentos e acoplaram sensores em pontos específicos do corpo das serpentes. Em vídeo publicado pela Nature, Isaac Yeaton, autor principal do estudo e pesquisador da Universidade Johns Hopkins (EUA), afirma que o princípio é o mesmo usado em filmes de ação em Hollywood.

Os pesquisadores montaram uma espécie de estúdio para induzir os saltos das serpentes. A estrutura do ambiente contou com um chão forrado por espuma e uma espécie de escada. No topo da estrutura foram introduzidos galhos, em que as cobras eram posicionadas para o salto. Os cientistas ainda instalaram uma árvore falsa no meio do estúdio para que as serpentes tivessem um alvo e fossem incentivadas a pular.

Os sensores acoplados nas serpentes produziram dados, que formaram um modelo em 3D do movimento dos animais. Os autores então simularam saltos com e sem ondulações.

“Uma das conclusões deste estudo é que a ondulação aumenta a estabilidade das serpentes voadoras”, afirmou Yeaton. “Sem a ondulação as cobras ainda percorrem uma distância horizontal, mas o que acontece é que elas falham e acabam, praticamente, tombando”, completou.

De acordo com o estudo, a ondulação gera uma combinação de movimentos horizontais e verticais que garantem que a cobra tenha um pouso adequado após o salto, permitindo que o animal alcance o solo de forma segura. Para os pesquisadores, a análise da ondulação das cobras voadoras ainda pode ter aplicações na robótica.

Yeaton afirma que o movimento de ondulação de cobras no solo já inspira movimentos de robôs na água e em ambientes arenosos.  “Podemos usar o que descobrimos sobre a ondulação aérea e traduzir isso para os robôs, a fim de garantir um ‘deslizamentos’ bem-sucedido”, afirmou o cientista.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

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