Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Câncer Fred Hutchinson da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, conseguiram remover o vírus da herpes labial, conhecido como HSV-1, do organismo de camundongos. Publicado na revista Nature Communications, nesta terça-feira (18), o estudo aplicou técnicas de edição genética com dois tipos de ‘tesouras moleculares’ para danificar o DNA do vírus.

Os cientistas introduziram o gene que codifica as tesouras moleculares em um vetor composto por um vírus inativado. O vetor foi injetado em camundongos infectados e direcionado para os tecidos nervosos que conectam o pescoço ao rosto dos animais.

Na sequências, os autores aplicaram as técnicas de edição genética e perceberam que ao atacarem apenas um ponto do DNA do vírus nas células infectadas o material genético do invasor ainda poderia ser reparado. Mas ao combinar duas tesouras moleculares, eles conseguiram realizar um corte suficiente para eliminar o DNA do vírus quase por completo.

Reprodução

A herpes labial provoca feriadas no lábio ou em regiões próximas à boca. A Organização Mundial da Saúde estima que dois terços da população mundial é portadora do vírus. Imagem: Wikicommons

“Quando são feitos dois cortes, as células parecem entender que o DNA do vírus está muito danificado para ser reparado e outros agentes moleculares chegam para removê-lo do corpo celular.”, afirmou Martine Aubert, cientistas sênior do Centro Fred Hutchinson, em comunicado.

Segundo os pesquisadores, o procedimento resultou na redução de 92% do material genético viral presente no gânglio cervical superior dos camundongos, região do corpo onde o vírus fica dormente em portadores de herpes labial. As condições permaneceram por pelo menos um mês após o experimento. Os cientistas acreditam que os resultados do processo são suficientes para impedir a reativação do vírus.

Para Keith Jerome, autor sênior do estudo e líder da Divisão de Virologia do instituto, o grande salto da pesquisa é ter aplicado a técnica em um animal. “Espero que este estudo mude as perspectivas sobre a pesquisa de herpes e reforce a ideia de que nós podemos começar a pensar na cura, em vez de apenas no controle do vírus.”, afirmou em comunicado.

Os estudiosos estudam aplicar estratégias semelhantes em experimentos com o vírus da herpes genital. A expectativa é que as pesquisas prossigam para etapas de testes clínicos em humanos nos próximos três anos.

Via: New-medical.net