Cientistas detectam transmissão entre humanos de vírus letal na Bolívia

'Vírus de Chapare' se transmite por fluidos corporais e pode chegar até humanos por meio de ratos
Renato Santino18/11/2020 01h57

20201117111244

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Com a Covid-19, o mundo percebeu a importância de detectar ameaças virais cedo, antes de elas se tornarem um risco global. Pesquisadores do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, em um destes esforços, detectaram uma família de vírus que circula na Bolívia capaz de causar uma doença letal e que tem potencial de transmissão de humano para humano.

A boa notícia, no caso, é que o vírus, da família arenavírus, não é transmitido pelo ar, como a Covid-19, então sua transmissão é mais complexa e mais fácil de ser controlada. Ainda assim, a doença causada pela infecção pode ser grave, causando febres hemorrágicas ao estilo do Ebola.

O estudo aponta para um evento em 2019 na Bolívia, na cidade de La Paz, em que dois pacientes acabaram transmitindo a doença para três trabalhadores no hospital. Entre os cinco contaminados, três acabaram morrendo: um paciente e dois funcionários.

Até hoje, só um surto com esse tipo de arenavírus foi registrado na cidade de Chapare, a cerca de 600 quilômetros de La Paz, no ano de 2004, como relata o site The Guardian. Por esta razão, o vírus ficou conhecido como “Vírus de Chapare”.

Pelo que se sabe até o momento, ratos são os vetores do vírus até os humanos, e o que não se sabia é se pessoas contaminadas poderiam transmitir para outras. O que se descobriu é que a transmissão se dá por fluidos corporais, e não pelas vias respiratórias.

Entre os sintomas da contaminação pelo vírus de Chapare experimentados pelos pacientes acompanhados estão dores abdominais, vômitos, sangramento nas gengivas, irritações na pele e dores atrás dos olhos. Não há um tratamento específico, apenas suporte ao paciente.

Os pesquisadores também notam que é possível que a doença tenha circulado sem ser detectada pela região por um bom tempo, já que ela conta com alguns sintomas em comum com a dengue. Após a identificação do vírus, também conseguiram desenvolver rapidamente um teste para diagnóstico.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital