Os geneticistas de Harvard possuem uma lista com diversos objetivos a serem alcançados no campo da pesquisa genética. Dentre suas pretensões estão reverter o envelhecimento humano e até mesmo ressuscitar um mamute. Mas também há ideias em outros campos, como criar um aplicativo de namoro que mostre a probabilidade de não transmitir doenças.
A ideia dos pesquisadores é desenvolver um aplicativo com base no DNA, que mostra a possibilidade dos usuários transmitirem qualquer categoria de doença para seus filhos. Para entender como isso funciona, é preciso conhecer um pouco sobre alguns conceitos de herança genética. Mais precisamente, sobre genes dominantes e recessivos.
Como os nomes já dizem, os genes dominantes têm precedência sobre os recessivos – o que significa que se duas pessoas têm um bebê e uma delas possui um gene dominante para uma característica e a outra possui um gene recessivo, é provável que o gene dominante se manifeste no bebê.
Em um exemplo simplificado: o gene da cor dos olhos castanhos é dominante, enquanto o azul é recessivo; portanto, se uma pessoa de olhos castanhos e uma de olhos azuis tiver um filho, provavelmente ele terá olhos castanhos.
Algumas doenças e condições genéticas são causadas por genes recessivos. Uma pessoa comum carrega cerca de 20 genes recessivos, mas na maioria das vezes nem o conhece porque também herdou um gene dominante “saudável” de seus pais, o que acaba por limitar a ação desse gene.
Entretanto, se um portador de um gene recessivo causador de uma doença acaba tendo um bebê com alguém que carrega o mesmo gene, seus filhos têm 25% de chance de sofrer da doença – e essa é uma situação que o aplicativo de namoro quer evitar.
Em uma entrevista ao programa 60 minutes da CBS, George Church, geneticista que defende a criação do polêmico aplicativo, declarou que ele vai servir para “descobrir com que você é compatível”. Entretanto, vale lembrar que ainda estamos longe de um mundo em que todas as pessoas tenham seu DNA sequenciado – esse processo pode levar décadas para ser concluído. Inclusive o mapeamento genético no Brasil é algo recente e sem grande escala por ora.
Ainda que a criação desse aplicativo possa parecer boa para alguns, ele apresenta uma ideia utópica um pouco longe da realidade. Afinal, algumas pessoas parecem não estar dispostas a deixar que seus dados genômicos determinem com quem eles devem iniciar uma família. Além do fato de que há a possibilidade de dois portadores de um gene recessivo para uma doença terem um filho saudável.
Via: Futurism