Pesquisadores da IBM revelaram nesta semana que conseguiram sintetizar uma molécula que antes se imaginava “impossível”. Chamada de “Triangulene”, a descoberta foi sugerido pela primeira vez há quase 70 anos e pode vir a ser de grande utilidade em computadores quânticos.
A molécula é composta por seis hexágonos unidos pelas bordas para formar um triângulo – uma geometria incomum que acaba deixando dois elétrons não pareados. Normalmente, esses elétrons não seriam capazes de formar um elo estável, mas, no método usado pelos pesquisadores, isso foi possível.
Teorizada pela primeira vez em 1950 pelo cientista tcheco Erich Clar, essa molécula foi objeto de estudo de centenas de pesquisadores que tentaram durante anos sintetizá-la usando métodos tradicionais. O problema é que essa instabilidade fazia com que a molécula oxidasse muito rapidamente.
O método criado pelos cientistas da IBM nesse caso, porém, usa uma ponta de agulha microscópica para manipular individualmente os átomos que compõem a molécula. O método tradicional envolve colocar moléculas juntas para que elas possam reagir espontaneamente e assim construir estruturas mais complexas.
As possíveis aplicações do Triangulene ainda estão sendo estudadas, mas uma delas já gera expectativa: computação quântica. A sonhada tecnologia que pode, um dia, dar vida a computadores milhares de vezes mais rápidos do que os que temos hoje pode se beneficiar, e muito, das propriedades da nova molécula.
Uma delas é sua propriedade magnética. Segundo os cientistas, os dois elétrons não pareados têm rotação alinhada, o que lhes permite ter orientação magnética suficiente para lidar com os bits quânticos, ou qubits. Por enquanto, porém, tudo ainda está no ramo da teoria e longe de chegar à prática. Mas, para os pesquisadores por trás da descoberta, foi um importante primeiro passo.
Via Nature