Cientistas criam fibra que gera energia ao ser esticada

Redação25/08/2017 14h09, atualizada em 25/08/2017 14h51

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Um estudo publicado hoje no periódico acadêmico “Science” mostrou uma tecnologia que pode ser usada no futuro para, por exemplo, criar roupas capazes de carregar seu celular. No estudo, pesquisadores da Universidade do Texas e da Hanyang University, da Coreia do Sul, descrevem uma fibra feita com nanotubos de carbono que gera eletricidade quando é esticada.

Conforme divulgado pela Universidade do Texas, as fibras são compostas por nanotubos 10 mil vezes mais finos do que um cabelo. O ato de esticar esses tubos faz com que suas dimensões mudem, o que gera eletricidade. O vídeo abaixo, publicado pela Science, mostra com mais detalhes como esse processo acontece:

Mais energia que um ciclista profissional

Esses nanotubos de carbono são trançados e enrolados em um formato semelhante a fios de telefone. Quando essa “trança” é esticada, a fricção gerada pelo movimento faz com que ela libere energia. Normalmente, essa energia acaba sendo dissipada, mas os pesquisadores conseguiram revestir a fibra com uma solução que conduz energia. Dessa maneira, as cargas emitidas pelo processo de esticamento da fibra podem ser “carregadas” até eletrodos próximos.

Durante os testes conduzidos pelos cientistas, o processo de esticamento dos fios produziu relativamente pouca energia, mas isso apenas porque os fios são muito leves. Eles chegaram a produzir um total de 250 Watts de potência por quilo, o que, de acordo com o Ars Technica, é dez vezes mais do que um ciclista profissional consegue fazer durante uma pedalada.

Energia fácil

A fibra produzida dessa maneira pode ser usada em uma série de aplicações diferentes. Em um dos experimentos, os pesquisadores amarraram uma ponta dela a um eletrodo de platina e a outra ponta em uma boia. Eles então levaram o conjunto até a beira do mar e deixaram o eletrodo debaixo d’água. Cada vez que uma onda vinha, a boia subia, esticando a fibra. O arranjo produzia energia, e poderia ser feito em escala muito maior para criar uma espécie de usina.

Fora isso, os pesquisadores também testaram a fibra em um “músculo artificial” que se contraía quando era aquecido, e nesse caso ele também funcionou. O mais impressionante, contudo, foi uma roupa criada por eles com um pequeno pedaço dessa fibra na região do peito. As respirações da pessoa que vestia a roupa faziam com que a fibra se esticasse o suficiente para produzir energia.

Isso possibilitaria, no futuro, a criação de dispositivos vestíveis com autonomia muito maior. Também permitiria a criação de roupas capazes de gerar energia e, possivelmente, usá-la para carregar os aparelhos eletrônicos dos usuários.

Mas por enquanto, segundo o Engadget, a invenção ainda tem um problema: custo. O preço da produção de nanotubos de carbono ainda é muito elevado, mas deve cair no futuro, já que a tecnologia é útil para diversas aplicações. Quando isso acontecer, Ray Baughman, um dos autores do estudo, acredita que as fibras poderão “colher a enorme quantidade de energia disponível nas ondas do oceano”.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital