Uma única fita de DNA é capaz de armazenar uma quantidade incrível de informação. Os pares de bases codificam quase tudo sobre nós, mas também é possível “criar arquivos” neles. Cientistas descobriram uma nova técnica para armazenar informações no DNA com precisão e eficiência sem precedentes, de maneira durável e compacta. O primeiro teste foi feito com um clássico: “O Mágico de Oz” (traduzido para esperanto), agora completamente transcrito em uma fita dupla de DNA.
A equipe de pesquisadores da Universidade do Texas em Austin descreveu a técnica na Academia Nacional de Ciências nesta semana. O armazenamento de informações no DNA não é uma novidade, mas esse trabalho pode finalmente torná-lo algo prático.
“A principal inovação é um algoritmo de codificação que permite a recuperação precisa das informações, mesmo quando as fitas de DNA são parcialmente danificadas durante o armazenamento”, afirmou Ilya Finkelstein, professora associada de biociências moleculares e uma das autoras do estudo.
Atualmente, os humanos criam informações a taxas exponencialmente mais altas do que costumávamos, aumentando a necessidade de desenvolver um método de armazenamento mais eficiente e durável. Grandes empresas de tecnologia, como o Google e a Microsoft, já exploram o uso de DNA para isso.
O armazenamento de dados no DNA pode ficar muito mais prático com esse método. Imagem: Reprodução
O DNA é cerca de cinco milhões de vezes mais eficiente que os métodos atuais de armazenamento. Em outras palavras, um mililitro de DNA pode armazenar a mesma quantidade de informação que dois supermercados cheios de servidores de dados, e com uma grande vantagem: não exige refrigeração permanente ou discos rígidos propensos a falhas mecânicas.
Contudo, há um problema: o próprio DNA é propenso a erros. Um erro no código genético é muito pior do que um erro no computador. Erros no código do computador aparecem geralmente como pontos em branco no código, enquanto erros no DNA aparecem em inserções ou exclusões. E quando algo é excluído ou inserido no DNA, toda a sequência muda, sem alertas ou espaços em branco.
Anteriormente, informações que precisavam ser salvas, como parágrafos de um romance, eram repetidas entre dez e 15 vezes. Durante a leitura, as informações eram comparadas para retirar inserções e exclusões.
A linguagem que os pesquisadores desenvolveram também evita partes difíceis de ler ou com erros. Os parâmetros de idioma também podem mudar de acordo com a informação que será armazenada. Uma palavra retirada em um romance não é tão impactante quanto um zero em uma declaração de imposto, por exemplo.
Para demonstrar a recuperação de informações de DNA degradado, a equipe submeteu o código de “O Mágico de Oz” a umidade extrema e altas temperaturas. Embora as fitas tenham se danificado, todas as informações ainda foram decodificadas com sucesso.
“Encontramos uma maneira de construir as informações mais como uma treliça”, explicou Stephen Jones, pesquisador da UT Austin. “Cada informação reforça outras informações. Dessa forma, ele só precisa ser lido uma vez”.
Via: Phys.org