Cientistas alimentam aranhas com grafeno para criar teias dez vezes mais fortes

Redação17/08/2017 14h25, atualizada em 17/08/2017 14h56

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Teias de aranha são um dos materiais mais resistentes do mundo, mas um grupo de pesquisadores da Universidade de Trento, na Itália, conseguiu criar um material dez vezes mais forte. Para isso, de acordo com o estudo publicado por eles, eles alimentaram as aranhas com grafeno, um material cheio de propriedades físicas interessantes, o que fez com que elas fizessem teias mais robustas.

Em entrevista ao site Digital Trends, o professor Nicolas Pugno, que liderou à pesquisa, deu mais detalhes sobre o procedimento. “Para esse estudo, criamos uma solução de água e nanomateriais, nanotubos de carbono e grafeno. Depois, nós borrifamos essa solução em uma caixa de aranhas, onde ela provavelmente seria ingerida”, disse.

“Quando as aranhas fizeram suas teias, nós vimos que ela continha os nanomateriais. Quando testamos o material com uma máquina de testes de tensão, descobrimos que ela era mais forte e resistente do que a teia de aranha regular”, concluiu.

E ela não era só um pouco mais forte, mas cerca de dez vezes mais forte. A teia regular, segundo o estudo, tem uma força de 1,5 gigapascals (GPa) e uma resistência de 150 joules por grama; a teia produzida por essas aranhas, por sua vez, tinha força de 5,4 GPa e resistência de 1.570 joules por grama.

Força do futuro

A pesquisa não foi feita para ajudar as aranhas a produzir teias mais duradouras. A teia de aranha é um material que vem sendo estudado há muito tempo por conta de sua extrema resistência – ela já é usada, por exemplo, para produzir desde alguns aparelhos eletrônicos até armaduras. Há também empresas tentando criar versões industriais das teias de aranha, para poder usá-las com mais facilidade.

O grafeno também tem uma história parecida. Ele vem sendo pesquisado há bastante tempo por conta de suas propriedades físicas peculiares. Elas permitem que ele seja usado para uma série de aplicações, como criar materiais “invisiveis”, construir músculos flexíveis para robôs e até mesmo revolucionar a computação, criando transistores menores e mais rápidos.

Com isso, é fácil perceber que uma fusão dos dois materiais seria bem interessante para diversas indústrias. Por enquanto, Pugno não quis falar ainda sobre as potenciais aplicações dessa nova teia de aranha com grafeno. Mas ele comentou que não se surpreendeu muito com o resultado, pois outras pesquisas já mostraram que a dieta das aranhas afeta as suas teias. Por exemplo: em 2014, um estudo mostrou que era possível criar teias coloridas alimentando as aranhas com corante.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital