O cientista espanhol Juan Carlos Izpisúa Belmonte, que trabalha no Laboratório de Expressão de Genes no Instituto Salk para Estudos Biológicos, em San Diego, nos EUA, acredita ter descoberto uma forma de “reverter” o envelhecimento em um organismo usando terapia genética. Os resultados dos primeiros testes, feitos em ratos, são promissores, mas também apontam para a necessidade de cautela.
Belmonte acredita que a velhice é “nada mais do que aberrações moleculares que ocorrem ao nível celular”. Uma delas é a metilação do DNA, quando grupos metila (moléculas formadas por um átomo de carbono e três de hidrogênio) se unem ao DNA e ligam ou desligam genes, alterando seu comportamento e fazendo as células funcionarem de forma menos eficiente. A ideia é remover estas aberrações, “resetando” as células a um estado anterior, mais jovem.
Para isso são usadas proteínas conhecidas como “Fatores de Yamanaka”, que tem esse nome, pois foram descobertas pelo cientista japonês Shinya Yamanaka em 2006. Belmonte modificou o DNA de ratos para que expressassem estes fatores, mas apenas na presença de um antibiótico chamado Doxiciclina. Controlando a quantidade de antibiótico dada aos ratos, sua equipe pôde controlar a expressão dos fatores e a velocidade com que a “reversão” celular ocorria.
Ratos com progeria, uma doença que causa envelhecimento acelerado e morte prematura, foram divididos em dois grupos. Um deles recebeu livremente água com doxiciclina. O outro recebeu o antibiótico apenas duas vezes por semana. Ambos os grupos mostraram rejuvenescimento, porém os animais do primeiro grupo tiveram tendência a desenvolver tumores ou morrer por mal funcionamento celular, como se tivessem uma “overdose de juventude”.
Os animais do segundo grupo, porém, não desenvolveram tumores e viveram 30% a mais do que seus companheiros de ninhada. Seus corações batiam com mais força, os rins e baço funcionavam melhor e fisicamente eles se tornaram mais robustos.
Há um longo caminho até que a técnica possa ser testada em humanos. Antes é necessário testar sua eficiência em ratos normais, que não sofrem de envelhecimento acelerado. A equipe de Belmonte está trabalhando nisso, mas como ratos normais tem uma expectativa de vida de dois anos e meio, os resultados demoram mais a aparecer.
Ainda assim, o pesquisador está confiante. Ele concorda que sua terapia não é a chave para a vida eterna, mas acredita que ela pode aumentar o “prazo de validade” de uma pessoa e prolongar a vida em “30 ou 50 anos, pelo menos”. “Acredito que a primeira pessoa que viverá 130 anos já está entre nós. Ela já nasceu, estou certo disso”, diz ele.
Fonte: Technology Review