Chip de celular está a caminho da extinção; entenda o que vem por aí

Renato Santino19/06/2017 20h35

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Há alguns anos se discute a adoção do eSIM, uma tecnologia que poderia tornar o chip de celular coisa do passado. Com especificações reveladas desde 2013, até hoje não houve muitas tentativas de transformar a proposta em realidade, com a tecnologia mais próxima sendo o Apple SIM, disponibilizado com alguns modelos de iPad da empresa.

Para quem não sabe, o que a ideia do eSIM, cuja tradução da sigla significa “SIM incorporado”, propõe é substituir o chip tradicional de celular, que deixaria de ser removível. Isso não significa, no entanto, que você ficaria preso para sempre com uma única operadora. A proposta é que o eSIM permita alternar entre operadoras sem precisar trocar de chip, realizando o procedimento apenas virtualmente. O objetivo é, entre outras coisas, eliminar a necessidade da infame chavinha para abrir a gaveta do SIM.

Mais do que isso, o eSIM pode eliminar uma chateação que todo mundo que já viajou para o exterior conhece, que é a corrida para encontrar um chip de uma operadora local ao chegar ao seu destino. O SIM virtual permite simplesmente adquirir um pacote de alguma empresa sem precisar ir até a loja mais próxima.

E, após vários anos de estagnação, o cenário começa a mudar. Se a Computex nos ensinou alguma coisa, é que as parcerias para tirar o eSIM do papel estão começando a acontecer. Microsoft, Intel e Qualcomm, por exemplo, já estão viabilizando uma nova geração de laptops feitos para serem extremamente leves, portáteis e, principalmente, sempre conectados graças à presença de um chip celular, proporcionando acesso a redes de internet móvel 4G.

Em dispositivos com tecnologia Intel, o eSIM já será suportado nos modems XXMTM 7260 e XMM 7360. Enquanto isso, a Qualcomm já oferece essa possibilidade em dispositivos com o chipset Snapdragon 835. No entanto, isso não significa que só os aparelhos equipados com o suporte ao eSIM poderão tirar vantagens do recurso, uma vez que bastaria abrir a gavetinha de um dispositivo qualquer e inserir um adaptador no lugar do chip tradicional.

Para isso, no entanto, são necessárias algumas mudanças em como as coisas funcionam atualmente. As operadoras precisam dar suporte à tecnologia, e a Microsoft diz que já há 20 empresas no mundo inteiro prontas para abraçar o eSIM. Além disso, no caso dos PCs, a empresa também promete uma interface especial no Windows 10 para facilitar a seleção entre diferentes pacotes.

A adoção do eSIM também abre a possibilidade para a criação de dispositivos móveis menores e mais finos. Em laptops ou celulares, isso pode não fazer muita diferença, já que a gaveta para chips não ocupa tanto espaço assim. No entanto, isso pode revolucionar os relógios conectados, que acabam ficando excessivamente grandes quando oferecem suporte a conectividade celular, como é o caso de dois modelos da Samsung, já compatíveis com a tecnologia. Com o advento da internet das coisas e uma nova geração de objetos online, a tendência é que a adoção do eSIM comece a crescer em ritmo acelerado.

Como estamos no Brasil, existe um outro fator a ser levado em consideração. Por aqui, é extremamente comum usarmos o sistema de dois chips, o dual-SIM. Existe a chance de que o eSIM venha a matar a possibilidade, mas, se realmente houver demanda para manter o suporte a duas operadoras no mesmo celular, não há por que pensar que a indústria não se movimentaria para proporcionar o uso de duas redes, mesmo com chips virtuais.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital