A rede elétrica das Filipinas está sob o controle total do governo chinês e pode ser desligada a qualquer momento em caso de conflito; é o que afirma um relatório interno preparado para os legisladores o qual a rede CNN teve acesso exclusivo.

A State Grid Corporation, da China, tem 40% de participação na National Grid Corporation, das Filipinas; um consórcio privado que opera as linhas de energia elétrica do país desde 2009.

Preocupações com uma possível interferência chinesa no sistema de energia das Filipinas prejudicam o acordo, uma vez que foi assinado há uma década.

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Os legisladores pediram uma revisão urgente do tratado este mês, depois que o relatório alegou que apenas engenheiros chineses tinham acesso a elementos-chave do sistema, e que poderiam, em teoria, ser desativado remotamente por ordem de Pequim.

O relatório, preparado por um órgão do governo e fornecido à CNN, alertou que o sistema está atualmente “sob controle total” do governo chinês, que tem “capacidade total para interromper os sistemas nacionais de energia”. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que “a State Grid Corporation da China participa de projetos executados pela National Grid Corporation das Filipinas como parceira de empresas locais”.

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“Com um único interruptor”

Preocupações com o arranjo da rede elétrica foram levantadas pelos senadores durante um debate sobre o orçamento de energia para 2020 neste mês. O senador Sherwin Gatchalian disse que a eletricidade pode ser potencialmente desligada remotamente ou por atores estrangeiros.

“Com um único interruptor, nenhuma eletricidade será transmitida a nenhuma de nossas casas, negócios ou instalações militares”, disse Gatchalian, presidente do Comitê de Energia do Senado. Nesse caso, levaria entre 24 e 48 horas para que a rede voltasse a funcionar. Senadora da oposição, Risa Hontiveros disse que a propriedade da China da NGCP traz “sérias preocupações de segurança nacional, dado o comportamento recente da China e as aspirações hegemônicas”.

Gatchalian disse que compartilha das preocupações de Hontiveros e prometeu que o governo melhoraria a supervisão e o monitoramento da rede elétrica para garantir que o controle “permaneça nas mãos dos filipinos”.

Chinês controlado

A NGCP lida com a distribuição de eletricidade nas Filipinas, conectando usinas e consumidores em todo o país, abastecendo quase 78% das famílias no país, de acordo com o relatório interno. A empresa foi privatizada em 2009, com a Grid Corporation da China assumindo uma grande participação, além de fornecer pessoal para ajudar a administrar os sistemas nas Filipinas.

De acordo com o relatório fornecido à CNN, a tecnologia na qual a rede se baseia foi cada vez mais transferida para produtos da Huawei, que o relatório afirma que só pode ser operado por engenheiros chineses. Durante o debate no Senado, Gatchalian reconheceu que os engenheiros chineses tinham o controle sobre certos sistemas e que alguns manuais eram fornecidos apenas em chinês, contra os regulamentos.

O relatório alerta que o sistema de controle de supervisão e aquisição de dados, usado para monitorar subestações, transformadores e outros ativos elétricos, depende completamente da tecnologia da Huawei. “Nenhum dos engenheiros locais é treinado ou certificado para operar o sistema”, afirmou o relatório. A empresa chinesa respondeu dizendo que não fornece nenhum equipamento de segurança da NGCP.

A empresa foi perseguida este ano por acusações de que representa um risco à saúde nacional, com Washington impedindo-a de expandir ofertas de 5G nos EUA e pressionando aliados a fazer o mesmo. A Huawei sempre afirmou que é uma empresa privada e não concede ao governo chinês acesso ou controle sobre sua tecnologia.

Outros sistemas dentro da rede nacional das Filipinas também foram fornecidos e operados em grande parte por empresas chinesas, segundo relatório. Ele descreveu o sistema como “operado por estrangeiros (chineses) em níveis críticos de acesso”. O relatório incitou os parlamentares a devolver o controle e a supervisão dos principais sistemas de energia ao governo das Filipinas.

O ponto crítico de a China controlar a rede elétrica das Filipinas é que os países estão há anos em uma disputa territorial. O Mar das Filipinas é um alvo territorial antigo de Pequim, que passou os últimos anos militarizando a área e construindo bancos de areia e ilhotas. Em 2016, um tribunal decidiu em favor das Filipinas. Apesar de terem chegados a um acordo de cooperação na exploração de petróleo e gás na região, a tensão entre os países permanece, principalmente após o protesto diplomático contra a China pela presença de centenas de navios chineses perto de uma ilha filipina.

Via: CNN