Um dispositivo que produz frio e calor acoplado a peças de roupas. Essa é a invenção de um grupo de jovens de Córdoba. Ela foi batizada de Wendu — temperatura, em chinês — e já atraiu o interesse de empresas de tecnologia, atletas, médicos e fabricantes dos setores automotivo e têxtil.
Controlada por um celular via bluetooth, a tecnologia é capaz de esfriar uma área até 20°C ou aquecê-la até 40°C. Sua carga dura entre seis e oito horas — e sua bateria é mais leve que um smartphone. A alteração da temperatura se dá pela capacidade do dispositivo de mover as partículas dentro de quatro focos que estão sob as roupas e em contato com o corpo.
Os focos de temperatura foram protegidos com silicones e esmaltes para serem laváveis. Eles são ligados à bateria por meio de uma conexão do tipo jack, que permite trocar as unidades de energia. Sua vida útil varia de três e cinco anos.
David Requena, chamado pelos colegas de “dinossauro” — aos 33 anos, é o mais velho do grupo —, abandonou a carreira de engenheiro eletrônico para apostar tudo no Wendu. A empresa tem Francisco Navas como sócio, químico e médico de materiais. A equipe passou mais de dois anos desenvolvendo e testando protótipos de camisetas com o alterador de temperatura. Elas já estão disponíveis no mercado por 129 €. Os fabricantes esperam reduzir o preço com a expansão do mercado.
A pesquisa mais recente no campo de roupas térmicas foi direcionada para encontrar materiais que atinjam o efeito de resfriamento, reflitam a luz do sol ou deixem a radiação do corpo escapar. Cientistas da Universidade de Maryland, nos EUA, criaram um tecido regulador de propriedades térmicas em resposta a mudanças na umidade e na temperatura do corpo humano.
Além disso, há roupas que fornecem calor extra (com baterias mais pesadas e maior gasto de energia) ou esfriam — mas precisam de géis incorporados que devem ser previamente resfriados. O problema é que eles atuam continuamente, ou seja, não permitem dosagem do efeito.
Atletas na lista de clientes
Já a proposta de Wendu faz ambas as tarefas — fornece frio ou calor —, de acordo com a vontade do usuário. Não há resistências (a tecnologia patenteada consiste na alteração da vibração de partículas) nem dependência da resposta corporal. Um dos primeiros compradores sofre com uma doença que o impede de transpirar, pois não tem os sistemas de termorregulação do próprio corpo.
Os atletas também se juntaram à lista de clientes. O dispositivo permite aquecer ou esfriar o corpo de acordo com a fase de execução da atividade que praticam. Os fabricantes do Wendu propuseram o uso do equipamento a Gema Hassen-Bey Victoria Gonzalez, medalhista paralímpica. Ela conquistou o cume do Teide em cadeira de rodas e quer ser a primeira a fazê-lo no Kilimanjaro. O dispositivo irá fornecer calor para as pernas da atleta, que é paraplégica.
A tecnologia tem aplicações no campo de vestuário de trabalho, em elementos de mobília, como colchões, e na indústria automotiva. Por isso, seus desenvolvedores esperam contatos frutíferos com empresas interessadas no aparelho.