‘Celuloucos’: conheça os smartphones mais estranhos dos últimos tempos

Renato Santino12/05/2016 21h11

20160512182236

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Quando falamos em smartphones, normalmente nos vêm à cabeça retângulos de vidro, normalmente superfrágeis, com um corpo de plástico ou alumínio, normalmente superfrágeis, que são capazes de desmanchar quando caem no chão.

Mas isso não é necessariamente verdade. Estes aparelhos que mostramos abaixo mostram que é possível quebrar o padrão mais comum, mesmo que estas loucuras normalmente não deem muito certo. Veja alguns exemplos:

O celular-robô

Reprodução

A Sharp decidiu ir além do que normalmente consideramos um celular. Na verdade, a empresa decidiu apresentar um robô que também faz as funções de telefone, dando origem ao RoBoHon, que não lembra em nada o aparelho que você tem no seu bolso… por fora.

Por dentro, ele é um smartphone comum, rodando o Android 5.0, com conexão 4G e um processador quad-core de 1,2 GHz, com uma telinha de 2 polegadas nas suas costas para quando for realmente necessário interagir com ele via toque.

No restante do tempo, ele efetua e recebe chamadas telefônicas; envia e lê mensagens recebidas por e-mail ou SMS; anda; reconhece pessoas diferentes; filma, fotografa e faz projeções.

O problema é que ele é caro, além do dinheiro pago pela compra do RoBoHon (198 mil ienes, cerca de R$ 6,3 mil), o usuário ainda precisa gastar com uma assinatura mensal equivalente a R$ 21 pelo uso do serviço de reconhecimento por voz. Por enquanto, ele existe só no Japão, mas a empresa planeja atingir outros mercados.

O celular redondo

Reprodução

O Runcible é o tipo de aparelho que é uma ideia que parece legal por ser diferente, até você realmente pesar os prós e contras de um smartphone redondo. Por isso, não é surpresa que as notícias sobre o aparelho desapareceram. O modelo havia sido projetado para usar o Firefox OS da Mozilla, mas o sistema operacional foi descontinuado, o que é um golpe duro no projeto do smartphone redondo.

Ele foi revelado em março do ano passado, com o objetivo de ser um anti-smartphone. Além do formato estranho, ele prometia não ser invasivo como os dispositivos que conhecemos hoje, e não utilizar a obsolescência programada para incentivar seus usuários a comprar novos aparelhos anualmente.

A empresa Monohm listava os seguintes benefícios:

  • Primeira tela totalmente redonda e com o formato da palma, o que torna o uso mais confortável e em um formato que já é familiar aos humanos, com o relógio de bolso, a bússola, etc.
  • Interface simples voltada para criar um resumo “limpo” da sua vida digital, e um aplicativo de mapas que difere dos outros para encontrar a rota mais interessante para um destino, e não o mais rápido.
  • Sem necessidade de aplicativos, já que ele utilizava padrões abertos da web, e, portanto, não haveria necessidade de apps para executar funções específicas.
  • Não-obsolescência programada, já que todas as peças do Runcible poderiam ser removidas, reparadas e atualizadas, e o aparelho poderia permanecer o mesmo por décadas.
  • Sem interrupções, já que o dispositivo não apitava, alertava, ou interrompia o usuário de forma alguma, mantendo sua atenção nas coisas que realmente importam.

O celular flexível e 3D

Reprodução

O HoloFlex é diferente dos outros que citamos aqui, porque se trata de um aparelho experimental, criado como parte de uma pesquisa de uma universidade canadense. Isso não faz dele um protótipo menos louco. Como seu nome diz, ele é holográfico, com seu painel que exibe imagens em 3D e flexível.

 Em vez de recorrer a um painel 3D convencional, que cria uma imagem para cada olho para dar uma sensação de profundidade (como faz o Nintendo 3DS, por exemplo, sem precisar de óculos), o HoloFlex recorre a uma outra técnica. Ele usa camadas de pequenas lentes que dispersam a luz em direções diferentes, o que permite que que várias pessoas tenham a sensação do 3D mesmo olhando de posições diferentes. O resultado é que o aparelho lembra um pouco os tazos holográficos, tão populares nos anos 1990.

O fato de ser flexível também é importante. O modelo experimental mostra que entortar o aparelho funciona como um comando para o aparelho, permitindo interagir com o que está na tela. No exemplo, o laboratório mostra como é possível fazer um objeto em primeiro plano se aproximar de outro, que está mais afastado.

Contudo, ele está longe de ser comercialmente viável. O modelo em questão traz um painel de resolução 1920×1080, mas após a dispersão das lentes, o usuário vê apenas a imagem em 160×104, o que simplesmente não é aceitável nem para os smartphones mais baratos. Isso significa que ainda deve demorar para que algo assim seja aplicado a um produto real. Talvez quando as telas chegarem ao 16K?

O celular com duas telas

Reprodução

O YotaPhone é uma inspiração quando falamos de estranheza, mas é particularmente uma das ideias mais sagazes para um smartphone. O aparelho russo se distingue do resto pelo fato de ter duas telas.

A reação mais comum ao ouvir sobre as duas telas é perguntar “Por quê?”. Mas a ideia é simples e inteligente. A tela na traseira do aparelho usa a tecnologia e-ink, a mesma usada em e-readers como o Kindle da Amazon. Para quem não conhece, esta tecnologia consome pouquíssima bateria mesmo que ela fique permanentemente ligada. No caso do Kindle, o aparelho normalmente consegue passar várias semanas ligado sem precisar de recarga.

Ou seja: a segunda tela pode exibir informações perenes e de fácil acesso ao usuário, que não precisa ficar desbloqueando a tela principal a cada notificaçãozinha. Isso é valiosíssimo para a economia de energia, que é o maior problema da tecnologia móvel atual.

O celular Wolverine

Reprodução

O Turing Phone é um smartphone criado para ser ultrasseguro, prometendo comunicações criptografadas e o máximo de segurança de informações possível. No entanto, o destaque para ele é o fato de usar em sua construção um material mais resistente que o aço para que também seja resistente.

Não estamos falando de adamântio nem de vibrânio. O material em questão é o liquidmorphium, uma liga que mistura zircônio, cobre, alumínio, níquel e prata. A ideia é que o aparelho fosse mais durável, impossível de ser entortado ou danificado de qualquer forma.

Como se a escolha especial de material não fosse diferente o bastante, o Turing Phone ainda tem esse design peculiar cheio de ângulos e não possui uma porta micro-USB, que poderia ser usada para hackear o aparelho. No lugar, há apenas uma entrada proprietária para um carregador magnético, que só serve para transferência de energia, sem a possibilidade de troca de dados.

O celular martelo

Reprodução

O modelo K4000 Pro da desconhecida chinesa Oukitel vai além do que o Moto X Force mostra em relação a indestrutibilidade. O aparelho usa uma tecnologia diferente para telas que protege o painel e dá origem a estes dois vídeos abaixo. O primeiro mostra o aparelho resistindo bastante a um ataque de furadeira, e o segundo mostra que o aparelho pode ser um bom substituto de um martelo se você está sem uma caixa de ferramentas. Tanto para martelar um prego quanto para tirá-lo.

Quando dizemos que os smartphones estão desempenhando cada vez mais funções, não era bem isso que tínhamos em mente…

Bônus: O não-celular

Reprodução

O NoPhone é uma ideia mais artística do que um produto de fato. A ideia de seus criadores é mais um comentário sobre a vida moderna do que criar um aparelho eletrônico. Tanto é que de eletrônico ele não tem absolutamente nada.

O NoPhone é uma paródia. Ele é basicamente um pedaço de plástico sem tela, sem câmera, sem capacidades de Wi-Fi ou conectividade à rede celular. Em resumo, ele não faz nada, e a ideia da paródia é justamente ir contra a “prisão tecnológica” que vivemos hoje e a ansiedade que a conexão permanente nos traz.

Isso não impede de que ele seja algo que seja vendido de verdade. A empresa realmente vende NoPhones, com uma versão especial chamada NoPhone Selfie, que traz um espelho para você poder olhar para o seu próprio rosto.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital