Campainhas preveem chegada da polícia e preocupam FBI, diz boletim

Os dispositivos são usados para fins de vigilância, mas um documento vazado revelou que as câmeras domésticas também são usadas para espionar a polícia
Da Redação01/09/2020 18h35, atualizada em 01/09/2020 20h30

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As campainhas de vigilância fazem muito sucesso, especialmente nos Estados Unidos, onde muitos residentes protegem suas famílias com equipamentos como a Ring, da Amazon, ou a Nest Hello, do Google. Esse cenário inofensivo, entretanto, ganhou uma reviravolta na segunda-feira (31) com uma revelação do site The Intercept. A publicação divulgou um documento hackeado que expõe preocupações bem sérias por parte do FBI (Federal Bureau of Investigation).

Segundo a unidade de polícia estadunidense, as campainhas – criadas em prol da segurança – estão, contraditoriamente, sendo usadas pela criminalidade. No documento sigiloso, o departamento cita ainda que as tecnologias servem para espionar a polícia, ao alertarem suspeitos sobre revistas e mandados com antecedência.

Mais precisamente, a questão consta em um boletim técnico sigiloso de novembro de 2019, que faz parte dos 269 GB do BlueLeaks — um conjunto de dados usurpados pelo coletivo de hackers Anonymous e divulgado no mês de junho.

O que diz o documento

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Campainhas de vigilância são uma alternativa mais discreta em termos de sistemas de segurança domésticos, mas o FBI está preocupado que os dispositivos ajudem a criminalidade. Crédito: Paul Engel/Unsplash

O arquivo dá uma visão geral das oportunidades e desafios para os policiais envolvendo os sistemas de segurança residenciais e as campainhas. O lado positivo ressaltado no boletim do FBI é que as formas de vigilância servem para coletar dados em tempo real. Tais informações, por um lado, podem ser utilizadas nas investigações criminais; seja na hora de contradizer álibis ou na coleta de declarações relevantes.

Todavia, por outro lado, o que prejudica a polícia, segundo o documento, é que os agentes fardados podem ser vigiados — assim como ocorre com qualquer outra pessoa. A Ring, por exemplo, detecta a movimentação nas portas das casas por meio de sensores e até envia mensagens de alerta nos celulares dos proprietários, mesmo quando eles estão fora de seus lares.

O boletim cita, inclusive, um caso de 2017, no qual a tecnologia comprometeu um mandado de busca. Um agente do FBI estava aplicando normalmente a ordem em Nova Orleans, na Louisiana, até que o procurado conseguiu observar a polícia por meio de sua campainha de vigilância. “O sujeito do mandado visualizou remotamente a atividade em sua residência de outro local e contatou seu vizinho e locatário sobre a presença [dos policiais]”, denuncia o texto.

Não há menção à marca da campainha que atrapalhou os agentes do FBI no episódio. O equipamento da Amazon, porém, é um dos mais populares dos Estados Unidos. Ano passado, a companhia foi criticada por fazer uma parceria com pelo menos 200 agências de segurança no país, ao autorizar a vigilância policial usando suas campainhas.

De acordo com a BBC, por meio da parceria, os oficiais podem solicitar aos usuários o compartilhamento de vídeos referentes aos crimes. Apesar de com isso vários moradores terem se sentido mais seguros, o grupo de direitos digitais, Fight the Future, foi contra a iniciativa, ao criticar que a ideia “minava” o “processo democrático e as liberdades civis básicas”.

Fonte: The Intercept

Colaboração para o Olhar Digital

Da Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital