Cabos submarinos vão ser usados para prever terremotos

Técnica monitora a distorção da luz à medida em que ela viaja por cabos de fibra óptica, e é capaz de detectar movimento com precisão de nanômetros
Rafael Rigues29/11/2019 15h21

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Uma equipe de pesquisadores da Rice University e da University of California acaba de publicar um estudo que mostra como configurar facilmente uma rede de detecção de terremotos subaquáticos usando apenas os cabos de fibra óptica que permitem que a Internet atravesse os mares.

O monitoramento da atividade sísmica é uma tarefa complexa, pois são necessários detectores em todos os lugares. Até agora, os oceanos e os mares (que representam dois terços do globo) nunca foram equipados com detectores, os sismógrafos, já que eles são instrumentos de precisão extremamente delicados, difíceis de instalar e manter a quilômetros sob a superfície

Pesquisadores norte-americanos recentemente resolveram esse problema demonstrando como transformar os cabos submarinos de fibra óptica já existentes em uma rede sismográfica, fornecendo uma visão global sem precedentes de todos os movimentos tectônicos da Terra.

O princípio é que a fibra óptica envia dados digitais na forma de luz, e ela pode ser espalhada ou distorcida se o cabo se mover, ou mudar de orientação. Ao monitorar esse fenômeno chamado “back scatter”, podemos saber onde e quanto o cabo se moveu com uma precisão de nanômetros, ainda maior do que um bom e velho sismógrafo terrestre.

O melhor de tudo é que “não há necessidade de adicionar equipamentos ao longo do comprimento do cabo. Basta conectar o detector sísmico ao final da fibra”, diz Nathaniel Lindsey, principal autor do estudo.

Em um teste realizado ao longo de quatro dias em 2018 usando um trecho de 19 Km de cabos, os pesquisadores revelam que detectaram um terremoto de magnitude 3,5 em Gilroy, uma cidade no norte da Califórnia. Eles também descobriram um novo sistema de falhas tecntônicas no fundo do oceano.

A tecnologia poderia eventualmente ajudá-los a mapear linhas de falha em áreas onde os cientistas sabem muito pouco sobre a atividade sísmica no fundo do oceano. A ideia é que uma vez concluídos os testes esse novo sistema seja colocado em operação nos maiores cabos ativos.

Fonte: Gizchina

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital