Adolescentes brasileiros descobrem semente que transforma água suja em potável

Redação20/07/2016 17h50, atualizada em 20/07/2016 22h07

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Com 15 e 18 anos respectivamente, João Gabriel Stefani e Letícia Pereira já podem dizer que são cientistas premiados. A dupla venceu a etapa da América Latina da Google Science Fair, competição da empresa que premia jovens cientistas por projetos inovadores na área de ciência e tecnologia, com um projeto que pode levar água potável para regiões carentes.

Os estudantes concluíram que a semente de moringa oleífera poderia ser usada para filtrar água contaminada com o objetivo de remover as impurezas do líquido e deixá-lo potável. O objetivo seria utilizar a planta como uma alternativa mais acessível para recuperação de água poluída por produtos químicos, algo bastante comum em diversos locais do Brasil.

“A ideia veio logo depois do desastre de Mariana, em Minas Gerais. Queríamos fazer algo para ajudá-los e começamos a pesquisar uma maneira barata de filtrar a água”, diz Letícia, que concluiu seus estudos no colégio Ari de Sá, em Fortaleza (CE), no ano passado.

A escola, aliás, foi importante para que os dois alcançassem a honraria do Google. Ela liberou aos dois o uso dos laboratórios de ciência do local para que eles pudessem realizar os experimentos e as análises. Apesar da boa vontade da instituição de ensino, Gabriel admite que a falta de um laboratório profissional com equipamentos capazes de realizar a análise microbiológica dos materiais foi o que mais dificultou o trabalho.

Intitulado “Semente Mágica – Transformado água contaminada em água potável”, o projeto está em constante desenvolvimento desde o começo do ano e só foi “finalizado” para a competição do Google na noite anterior ao fim do prazo. “Faltavam só duas horas”, revela Letícia.

Depois de seis meses de pesquisas e desenvolvimento e com um prêmio importante nas mãos, que os garante na competição final com os vencedores de outros continentes, em setembro, na Califórnia, além de US$ 1.000, a vontade dos jovens cientistas é de levar o projeto para frente.

Para isso, contudo, eles admitem que precisam de apoio financeiro, principalmente por meio de patrocínios. Até o momento, porém, nenhuma empresa se mostrou interessada na tecnologia a ponto de investir nos jovens.

Reprodução

Enquanto isso não acontece, os dois vão focando em seus estudos. A garota está de malas prontas para embarcar para os Estados Unidos, onde irá estudar na prestigiada Universidade de Stanford, uma das melhores do planeta. Gabriel, por sua vez, ainda precisa concluir seus estudos do ensino médio e tem o objetivo de cursar o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) ou também sair do Brasil.

Questionados, ambos revelaram os motivos que os fizeram cogitar a possibilidade de estudar fora do país. “O apoio científico lá (no exterior) é maior, principalmente nos Estados Unidos”, diz o estudante. Eles ainda consideram o fato de que o ambiente acadêmico norte-americano propiciaria uma experiência única e os colocaria mais próximos de nomes importantes da área científica.

Para Letícia, que recebeu o convite de outras universidades dos Estados Unidos, o Brasil fica muito atrás das grandes potências em termos de educação. “O ensino da ciência aqui ainda é muito precário. Principalmente no setor público”, lamenta.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital