O WhatsApp, ao lado do Facebook, é um dos principais veículos de propagação de notícias falsas na internet. Pensando nisso, um grupo de brasileiros criou um detector de fake news que atende pelo navegador ou até mesmo pelo próprio aplicativo.
O sistema foi criado por pesquisadores do Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC) da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O protótipo foi detalhado num estudo divulgado durante a 13ª Conferência Internacional de Processamento Computacional do Português.
Por enquanto, o detector de fake news ainda está em estágios iniciais de teste e, por isso, não é extremamente preciso. Ele pode ser acessado por um número de WhatsApp ou por uma página da web. Basta copiar e colar o texto de uma notícia que você viu por aí e o robô identifica se o conteúdo é falso ou não.
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Para isso, a máquina utiliza algoritmos de machine learning treinados a partir de mais de 7.000 textos coletados pelo grupo. O sistema analisou cada um e aprendeu a distinguir as diferenças mais objetivas e menos interpretativas entre eles. Com isso, a máquina pode identificar mais facilmente as características de um texto falso.
O sistema descobriu, por exemplo, que notícias falsas costumam ter mais erros ortográficos do que reportagens verdadeiras, feitas por jornalistas formados e profissionais da escrita. Notícias verdadeiras, por sua vez, costumam ter sentenças mais longas em número de palavras.
Com base nisso, o bot pelo WhatsApp dá uma de duas possíveis respostas após analisar o texto enviado pelo usuário: “Essa notícia pode ser falsa” ou “Essa notícia possivelmente é verdadeira”. O sistema ainda não pode cravar com certeza porque está em estágios iniciais de desenvolvimento.
O bot não consegue apurar um link, uma imagem ou um vídeo, por exemplo. Apenas um texto corrido, copiado e colado de outra fonte. Ele também exige que o texto completo da notícia seja compartilhado, e não apenas um trecho. Sem falar que o robô não é capaz de analisar, interpretar e apurar as informações, mas apenas calcula o risco de falsidade com base em parâmetros matemáticos.
Por um lado, o sistema é mais rápido e prático porque atende diretamente pelo WhatsApp e responde na hora. Mas, por outro lado, não tem o cuidado com a análise das informações que revisores ou jornalistas humanos têm em agências de checagem de fatos ou grandes redações, por exemplo.
“A ideia é que a ferramenta seja um apoio para o usuário. Ainda estamos no início desse projeto e, no estado atual, o sistema identifica, com 90% de precisão, notícias que são totalmente verdadeiras ou totalmente falsas”, disse professor Thiago Pardo, coordenador do projeto, ao site do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP.
“No entanto, as pessoas que propagam fake news costumam embasar suas mentiras em fatos verdadeiros. Nossa plataforma ainda não tem a capacidade de separar as informações com esse nível de refinamento, mas estamos trabalhando para isso”, completou. Clique aqui para interagir com o detector de fake news pelo WhatsApp ou clique aqui para conferir a ferramenta no navegador do PC.