Brasileiro precisa trabalhar por mais de 5 meses para pagar pelo Galaxy Fold

Aparelho lançado nesta sexta-feira custa R$ 13 mil, enquanto o rendimento médio do brasileiro está bastante abaixo disso
Renato Santino17/01/2020 18h28, atualizada em 17/01/2020 18h30

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O Galaxy Fold está oficialmente no Brasil e ele é para poucos. O aparelho, que já é caro no exterior, com preço sugerido de US$ 1.980, chegou ao nosso país custando nada menos do que R$ 13 mil, assumindo com grande folga o posto de smartphone mais caro já lançado por aqui (ao menos em valores absolutos, sem contar a inflação).

O preço é proibitivo para muitos brasileiros, óbvio, com o salário mínimo projetado para 2020 de R$ 1.045. Isso significaria que um trabalhador que recebe um salário mínimo precisaria de mais de um ano de trabalho apenas para pagar o dispositivo, sem gastar nenhum centavo com qualquer outra necessidade, como comida, aluguel, eletricidade ou internet.

No entanto, o salário mínimo não representa, necessariamente, a real situação financeira da população trabalhadora nacional. Afinal de contas, quanto tempo de trabalho custaria para o brasileiro médio comprar um aparelho do tipo? Para isso, vamos olhar os números mais recentes da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) divulgada em dezembro pelo IBGE (InstituTo Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo com os dados do PNAD, o rendimento médio do brasileiro durante o trimestre encerrado em novembro de 2019 foi de R$ 2.332. Com este número, já é possível fazer as contas. Para pagar um celular de R$ 13 mil, o brasileiro que está exatamente na média de rendimento da população precisaria trabalhar por mais de 5 meses.

Mais precisamente, o brasileiro precisaria trabalhar por 5 meses e mais 18 dias para ter o dinheiro suficiente para bancar o celular de tela dobrável. Novamente, isso se o trabalhador usar seu dinheiro EXCLUSIVAMENTE para o pagamento do smartphone, sem levar em consideração qualquer outra necessidade ou impostos.

Para uma comparação rápida, vamos ver como um cálculo similar se desenrolaria nos Estados Unidos. Por lá, o dispositivo custa US$ 1.980, mas também é cobrado um imposto sobre a venda calculado apenas na hora do pagamento. Vamos supor que o aparelho seja comprado em Nova York, onde esse imposto é de 8,875%, fazendo com que seu preço suba para US$ 2.155,73.

Segundo o Escritório de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos, os rendimentos semanais do trabalhador médio do país no último trimestre de 2019 foram de US$ 936. Isso significa que o americano médio precisaria de apenas duas semanas e três dias de trabalho para pagar pelo aparelho. Na prática, isso daria a liberdade de comprar o Fold sem impedir que o consumidor pague suas contas do mês.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital