O brasileiro Rafael Andrade Nass foi um dos quatro líderes de um time de 50 pessoas que venceu a competição universitária criada por Elon Musk no mês passado. O objetivo era construir um protótipo do hyperloop, meio de transporte com cápsulas que passam por tubos metálicos. Segundo o brasileiro, para ganhar, bastava atingir a maior velocidade possível e, então, ser capaz de frear.
O estudante conta que sua equipe venceu o torneio de Musk “quebrando o recorde de velocidade”. Eles atingiram 482 km/h, um aumento considerável se comparado com a primeira edição da competição em 2015, no qual a equipe liderada também por uma brasileira, Mariana Avezum, atingiu a velocidade de 94 km/h e ganhou.
Apesar da melhora considerável, os modelos ainda estão muito longe de atingir a velocidade que Elon Musk espera. O hyperloop, em tese, poderia ultrapassar o marco de 1.000 km/h, bem superior a média dos trens bala atuais (400 km/h).
As competições ocorrem na Universidade Técnica de Munique (TUM) na Alemanha, onde Nass faz o programa de dupla graduação em conjunto com a USP (Universidade de São Paulo), onde estudava no Brasil. Elon Musk busca, a partir desses torneios, estimular a construção de novas tecnologias capazes de alavancar o projeto de sua empresa, The Boring Company.
A The Boring Company é a empresa de transporte subterrâneo de Elon Musk que promete criar um hyperloop viável para viagens na China, pelo menos inicialmente. O estudante acredita que o bilionário construirá a linha “na Índia, na China ou nos Emirados Árabes Unidos”, porque são lugares com “um incrível poder ecônomico e tentam mostrar para o mundo que são países do futuro”.
Nass, contudo, acha que a implatação dessa tecnologia daria muito certo no Brasil. “Por incrível que pareça acho mais difícil essa tecnologia ser aplicada na Europa, onde a infraestrutura de transporte é bem completa. E o hyperloop teria que substituir uma existente linha de trem”. O Brasil levaria vantagem por ter um sistema ferroviário mais precário.
Quanto as estimativas de preço, não há nada muito concreto. Musk já disse que viagens com a tecnologia poderiam custar US$ 1 (R$ 4), enquanto outra empresa da mesma área, Virgin Hyperloop, explicou que não consegue precisar um valor, pois depende da rota.
“Nós, uma vez, estimamos cerca de R$ 0,40/km para o consumidor final nos primeiros anos”, afirma Nass. Ou seja, o trajeto rodoviário Rio-São Paulo de 434 km, daria R$ 173, mais barato que a média da ponte aérea. E a viagem demoraria 20 minutos.
Via: Folha de S. Paulo