Bots: Se não pode vencê-los…

Nos últimos anos, passamos por transformações que não eram imagináveis nem mesmo nos mais radicais livros e filmes de ficção científica.
Redação30/10/2018 22h38, atualizada em 30/10/2018 23h00

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Já parou para pensar sobre a reação da maioria das pessoas em relação a novas tecnologias? Uma mistura de medo com curiosidade, sem entender bem como aquilo vai mudar sua vida. Mas não é de hoje que o ser humano desenvolve novas tecnologias para facilitar seu dia a dia. Imagina quando um homem começou a dominar o fogo ou domesticar animais. Ambos já eram conhecidos por todos, mas o domínio deles deve ter causado muito reboliço, até se tornarem tão comuns que ninguém para pra pensar em suas vidas sem eles.

Outra época que vale lembrar é a Revolução Industrial, essa mudou não só a produtividade nas fábricas, mas também viabilizou nosso estilo de vida atual. O enriquecimento e a densidade demográfica foram tão grandes que hoje um brasileiro de classe média tem uma vida muito mais confortável do que um rei do século 19. Apesar do rei ter vários súditos o abanando para que não passasse calor, hoje há muitos carros populares com ar condicionado e um banco muito mais confortável.

Essa reflexão é importante para nos tranquilizar um pouco quando olhamos para o futuro de curto prazo e prevemos o avanço da Inteligência Artificial nas nossas vidas. No geral, os principais medos quando falamos de bots são o de perder o emprego ou de não conseguir usar essa tecnologia, o que poderia gerar uma exclusão social.

Sobre o segundo argumento, é importante entender que o bot tem a função exatamente oposta. Diferentemente de sites e aplicativos, que cada nova aplicação demanda uma curva de aprendizagem, a ideia do bot é que qualquer um que saiba se comunicar por fala ou escrita consiga utilizá-lo. A máquina que deve se adaptar ao estilo das pessoas, não o contrário.

Já em relação aos empregos, o medo é, parcialmente, justificado. Sim, muita gente vai perder o emprego.

A automação no campo, por exemplo, eliminou um volume enorme de empregos. Trabalhos braçais que a maioria dos leitores aqui não desejariam para si, certo? Isso barateou o alimento para todos e, com mais dinheiro sobrando, as pessoas passaram a demandar outros produtos e serviços, o que deu origem a novas e maiores oportunidades de empregos. É o que chamamos de “perder para ganhar”.

Aliado a isso está a impossibilidade tecnológica de automatizar a criação humana e parte das funções que exercemos, além de não inovar e não assumir riscos desconhecidos, por exemplo. Além disso, o aumento da produtividade gerado pela automação vai continuar tornando produtos e serviços mais baratos, enriquecendo as pessoas. Dessa forma, novas demandas surgirão, contribuindo para a geração não apenas de novos empregos, mas até mesmo de novas profissões.

Por fim, mesmo que ache essa novidade ruim, temos apenas dois caminhos: aceitá-la, aproveitando diversas oportunidades que virão ou clamar para o estado proibir automação, nesse caso obrigando toda a sociedade a pagar para que a renda de alguns sejam mantidas. O que, além de não ser justo, não faz o menor sentido e, com os novos modelos de organização descentralizada, não darão certo.

Agora, de onde os bots como conhecemos hoje vieram? Na imaginação das pessoas, há quase cem anos; em obras de literatura de ficção científica, em 1939, quando foi publicado o conto “I, Robot”, de Eando Binder, que deu origem à famosa obra de mesmo nome, de Isaac Asimov. O livro de Asimov, composto de nove contos, fala sobre a evolução dos robôs ao longo dos anos. Em 2004, a história foi para as telas dos cinemas e, como não poderia deixar de ser, foi grande sucesso de público. Coincidentemente, foi no mesmo período em que várias empresas iniciaram testes com bots de voz, frustrados em sua maioria, usando uma tecnologia do início dos anos 90, criada por empresas como a Nuance.

Esse mercado ficou alguns anos adormecido por conta dessas falhas, mas em 2011, quando o computador Watson, da IBM, venceu os dois maiores campeões da história do programa norte-americano de perguntas e respostas, Jeopardy!, essa chama reacendeu. Mesmo assim, apenas em 2014, com o lançamento de plataformas da api.ai, depois adquirida pelo Google e o Bluemix, da própria IBM, os bots voltaram com força total.

Nos últimos anos, passamos por transformações que não eram imagináveis nem mesmo nos mais radicais livros e filmes de ficção científica. E não apenas sobrevivemos a elas, como nos adaptamos muito bem. Novas ondas de inovação estão pra chegar. Cabe a nós aproveitar tudo o que elas trarão de bom para nossas vidas!

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital