O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, vai visitar alguns países árabes a partir do sábado (26) e levará para seus anfitriões algumas propostas de negócios militares, entre eles o avião de transporte multimissão KC-390, da Embraer. O modelo foi citado pelo presidente esta semana no Japão, onde participou da cerimônia de entronização do imperador Naruhito.
O primeiro destino de Bolsonaro é o Emirados Árabes Unidos. A pequena e rica monarquia é o tipo de nação que a Embraer tem em mente para vender o seu avião. Isso porque o país opera uma frota pequena, de quatro unidades, e que é uma versão mais antiga do principal concorrente do KC-390 – o Lockheed C-130 Hércules. Ele carrega 19 toneladas de carga, enquanto o brasileiro leva até 16, o que economicamente é melhor.
Além disso, o país do Oriente Médio possui sete Boeing C-17 Globemaster, gigantes quadrimotores a jato que levam até 75 toneladas. Pessoas em contato com a empresa brasileira acreditam que a estratégia de oferta do KC-390 pode significar uma complementaridade moderna para quem opera aviões maiores, o que deve amplificar seu potencial de venda.
Apesar do otimismo em relação ao Emirados Árabes, o país que mais atrai a comitiva brasileira é a Arábia Saudita. Detentor do terceiro maior orçamento militar do mundo em 2018 (R$330 bilhões) em termos nominais, e o segundo em porcentagem do PIB gasto com armas (10,8%), o país possui uma grande frota de Hércules, com 33 aviões de transporte e 2 de reabastecimento aéreo.
Outro fator determinante se deve ao fato da nação ser um importante parceiro econômico dos Estados Unidos no Oriente Médio. Nos dois países o avião já foi apresentado, durante a campanha para sua certificação. A Arábia Saudita já opera equipamento militar brasileiro. São 60 baterias do lançador de foguetes de alta saturação Astros-2, fabricado pela Avibrás.
O terceiro país a ser visitado pelos brasileiro é o Catar. No entanto, a nação mantém vínculos políticos com o Irã, um dos maiores rivais de outras monarquias do Golfo Pérsico. Além disso, os quatro Hércules que o Catar tem são do modelo mais recente, o que pode dificultar o negócio.
O Brasil já foi muito influente no mercado de armas do Oriente Médio, que tem dois elementos essenciais para a comercialização: dinheiro e conflitos. O país da América do Sul até o momento é o principal comprador do KC-390, tendo encomendado 28 unidades por R$7,2 bilhões. As exportações visam compensar os R$5 bilhões investidos pelo governo na fabricação do modelo.
O primeiro contrato foi assinado com Portugal, que levará 5 aviões por R$3,7 bilhões, além de um simulador de voo e suporte técnico por 12 anos. O presidente Jair Bolsonaro disse, via Twitter, que o presidente da Ucrânia, Voldomir Zelenski, também demonstrou interesse na compra dos aviões.
Via: Folha de S. Paulo