Quem nunca teve que reiniciar seu computador para resolver um problema, ou religar um roteador porque o Wi-Fi não está funcionando? Pode não parecer, mas isso também pode ser a solução para equipamentos muito mais caros e complexos como, por exemplo, um avião Airbus A350 (mais especificamente o A350-941) que custa mais de US$ 300 milhões.

Parece loucura, mas essa é uma orientação importantíssima da EASA (Agência de Segurança Aérea da União Europeia) para as empresas que lidam com este modelo de avião. O órgão definiu que as aeronaves precisam passar por um ciclo completo de reinicialização a cada 149 horas. E os riscos para quem não seguir o procedimento são grandes.

“Solicitada após casos de perda de comunicação ocorrida entre alguns sistemas aviônicos e redes aviônicas, análise mostrou que isso pode ocorrer após 149 horas de funcionamento contínuo da aeronave. Dependendo do sistema afetado ou do equipamento, diferentes consequências foram observadas e reportadas por operadores, indo desde perda de redundância ou perda completa de uma função específica hospedada um concentrador de dados remoto e módulos de processamento de input/output”, diz o documento.

Caso o risco não tenha ficado claro, o parágrafo seguinte é um pouco menos técnico: “essa condição, quando não corrigida, pode levar a perda parcial ou total de alguns sistemas aviônicos, possivelmente resultando em uma condição insegura”.

Diante dessa situação, empresas aéreas precisarão rever alguns procedimentos, já que, como informa o site Gizmodo, a maioria das aeronaves comerciais ficam ligadas ao longo de várias semanas, a menos que sejam retiradas de serviço para manutenção. O processo de religá-las não é rápido e pode levar cerca de meia hora para desligá-las completamente e colocá-las em condição para voar novamente.

A medida veio após a constatação de um bug relacionado ao timer interno do avião, que pode causar complicações graves. A Airbus já liberou uma atualização de software que corrige o problema, que já está instalada nos novos aviões do modelo A350-941 e que também pode ser aplicada nos modelos antigos. No entanto, a instalação também precisaria tirar a aeronave de funcionamento para manutenção e testes, o que pode ser um transtorno ainda maior do que desligar e religar o equipamento.