A Apple deve estar torcendo para que a disputa entre China e EUA se encerre da forma mais amigável possível após o desenrolar do caso Huawei. Isso porque os lucros da companhia podem cair quase 30% se a China promulgar a proibição total dos produtos da empresa, segundo o Goldman Sachs, grupo financeiro multinacional. O valor em dólares seria uma redução no lucro líquido em mais de US$ 15 bilhões por ano.

De acordo com o analista Rod Hall, que faz parte do Goldman Sachs, a China representa apenas 17% das receitas da Apple, mas também 29% dos lucros da empresa devido aos produtos de alta margem vendidos lá. Dado o mix de produtos, o Goldman assume que a Apple tem uma margem bruta de 45%.

O relatório de quarta-feira (23) acompanha a crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e a China. No início deste mês, o presidente Donald Trump elevou as tarifas de importações chinesas em US$ 200 bilhões depois que as negociações não conseguiram garantir um acordo. Além disso, Trump observou que existia potencial para aumentar as tarifas sobre um adicional de US$ 325 bilhões em bens, caso nenhum acordo fosse alcançado.

Nesta semana, o presidente lançou as bases para a proibição da Huawei, empresa chinesa de telecomunicações, de usar serviços e componentes de empresas dos EUA, como Google e Qualcomm. Essas ações alteraram significativamente o mercado de ações. As empresas de tecnologia sofreram queda dado o cenário; mais tarde, como o anúncio do adiamento da proibição, os valores se estabilizaram.

Uma resposta do governo chinês é esperada. “Os investidores têm nos perguntado sobre a exposição financeira da Apple à China, dada a possibilidade de uma proibição aos produtos da Apple em retaliação às exigências de licenças dos EUA sobre a Huawei anunciadas na última sexta-feira”, escreveu Hall.

Além da disputa comercial, a Apple está enfrentando ventos contrários na China, com a demanda por seus telefones caindo ao lado da crescente concorrência de fabricantes de smartphones mais baratos, como Huawei e Xiaomi. Em janeiro, a companhia de Tim Cook divulgou seu primeiro alerta de vendas em mais de uma década, citando uma queda acentuada e inesperada nas vendas do iPhone na China.

O analista também observou no relatório que há riscos adicionais para a Apple caso a disputa comercial aumente ainda mais. O mais notável é que a maioria das instalações de produção de iPhone da empresa está localizada na China. 

“Se a China restringir a produção do iPhone de alguma forma, não acreditamos que a empresa possa transferir muito volume de iPhone para fora da China em pouco tempo, ainda que ações que levem a produção da Apple para fora da China possam ter implicações negativas no ecossistema tecnológico chinês, bem como para o emprego local “.