Apple não vai mais divulgar quantidade de produtos vendidos. Somente a receita

Rene Ribeiro02/11/2018 22h31, atualizada em 05/11/2018 11h30

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Na última quinta-feira (01/11), o diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, divulgou durante o anúncio de resultados da empresa referente ao último trimestre, que a empresa não fornecerá mais dados de vendas de unidades para iPhones, iPads e Macs a partir do próximo trimestre. Agora, apenas a receita e lucro líquido serão anunciados.

“Como afirmamos muitas vezes, nosso objetivo é criar ótimos produtos e serviços que melhorem a vida das pessoas e ofereçam uma experiência incomparável ao cliente, para que nossos usuários fiquem altamente satisfeitos, fiéis e engajados”, afirmou Maestri. “Ao atingirmos esses objetivos, o que vem a seguir é um forte resultado financeiro”.

“Como demonstrado pelo nosso desempenho financeiro nos últimos anos, o número de unidades vendidas em qualquer período de 90 dias não é necessariamente o que representa a força de nossos negócios”, continuou. “Além disso, a quantidade de vendas é menos relevante para nós hoje do que no passado, dada a amplitude de nossa carteira de produtos, o que causa maior dispersão do preço de venda em qualquer linha de dispositivos.”

Ou, para trocar em miúdos, pare de ficar obcecado com as vendas unitárias e concentre-se em quanto dinheiro estamos ganhando!

Essa mudança de estratégia até faz sentido. O portfólio de iPhone da Apple cobre um espectro de preço excepcionalmente amplo, de US $ 449 a US $ 1.449, portanto, focar nas unidades não dá conta de todo o cenário. E o que parece estar acontecendo é que a Apple é capaz de aumentar as receitas, mantendo o número de vendas estável (ou até um pouco menor), porque vende iPhones e outros produtos cada vez mais caros e com uma margem de lucros astronômica.

É importante lembrar que a própria Apple promovia a divulgação de suas vendas por produto como uma medida vital do crescimento do ecossistema. Mas como as vendas parecem estar diminuindo (a de iPhones cresceu menos de 1% no trimestre passado), mas sem perder receita e lucro, como já explicado, agora ela prefere sufocar essa narrativa de produtos vendidos.

Analistas financeiros questionam

O analista de mercado Jim Suva, que trabalha para o Citigroup, afirmou que  “o público pode interpretar isso como uma atitude negativa e um sinal de que a Apple não quer mostrar que há algo errado, uma vez que as vendas de iPhones estão começando a cair ano após ano”, afirmou. “Se não for isso, por que mostrar apenas a receita, que cresce, e esconder o número de unidades vendidas?”

Tanto Maestri como o CEO Tim Cook tentaram dissolver esse questionamento antes de se tornar uma polêmica.

“Dada a razão pela qual não acreditamos que o fornecimento de unidades vendidas seja particularmente relevante para a nossa empresa neste momento, posso garantir que nosso objetivo é aumentar as vendas unitárias para cada categoria de produto que temos”, disse Maestri, tentando acalmar os analistas. “Mas, como eu disse anteriormente, uma unidade de venda é menos relevante hoje do que era no passado. Para dar um exemplo, as vendas unitárias do iPhone top da linha foram muito fortes durante o trimestre de setembro.”

Cook reforçou a afirmação de Maestri:

“Nossa base instalada está crescendo a nível de dois dígitos”, disse Cook. “E isso é, provavelmente, uma métrica muito mais significativa para nós do ponto de vista do ecossistema e da fidelidade do cliente.

Além disso, Maestri confirmou que, a partir do próximo trimestre, a Apple “fornecerá informações sobre receita e custo de vendas e, portanto, margens brutas para produtos e serviços”.

De qualquer forma, o anúncio parece ser o que Tim Cook sempre quis fazer. Por exemplo, a Apple nunca divulgou vendas unitárias para o Apple Watch, produto que começou a ser comercializado durante seu mandato como CEO, o que já poderia ser um sinal claro de que a empresa queria romper com a tradição que o fundador e ex-CEO Steve Jobs havia iniciado de divulgar os números de unidades vendidas.

Acionistas também não gostaram

Os acionistas também não ficaram nada empolgados. As ações da Apple caíram cerca de 4% nos resultados e depois caíram mais de 7%, depois que a empresa anunciou que mudaria sua estrutura de relatórios. No after-hours trading (período de negociações de ações que ocorre depois do expediente normal da Bolsa), as ações da Apple atingiram uma baixa de US$ 206,80, antes de se recuperar ligeiramente para US$ 207,81.

fonte: Zdnet

Colaboração para o Olhar Digital

Rene Ribeiro é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital