A União Europeia quer há mais de uma década padronizar entradas para carregamento de celulares, um plano que não agrada nada a Apple, única empresa que usa o conector proprietário Lightning enquanto o resto do mercado migrou para o USB-C. A companhia comentou novamente a possibilidade nesta sexta-feira (24), apresentando uma série de críticas ao projeto.
A justificativa principal da Apple é de que a unificação das portas, em vez de alimentar a inovação, iria prejudicá-la, além de potencialmente criar uma tonelada de lixo eletrônico e irritar os consumidores.
Em sua defesa contra a regulamentação que forçaria o abandono do Lightning, a Apple deixou sua posição clara. “Acreditamos que a regulação que força a conformidade de tipos de conectores entre todos os smartphones engessa a inovação em vez de encorajá-la, e afetaria consumidores europeus e a economia como um todo”, diz o comunicado.
A companhia chegou a bancar um estudo desenvolvido pela Copenhagen Economics, que constata que a decisão de criar um conector comum custaria nada menos que 1,5 bilhão de euros, o que é muito mais do que os 13 milhões de euros previstos em benefícios ambientais.
Não é difícil entender a posição da Apple sobre o assunto. A empresa já vendeu mais de 1 bilhão de iPhones em sua história, e a maioria deles utiliza o conector Lightning. Isso significa que todos os acessórios existentes para iPhone são adaptados para a porta, além de seus usuários possivelmente já terem vários carregadores retrocompatíveis adquiridos desde a época do iPhone 5, mas que ainda são capazes de carregar até mesmo o iPhone 11 Pro Max. Claro, há também o fato de que, por ser proprietário, a Apple recebe dinheiro para que acessórios sejam compatíveis com o conector, o que não aconteceria se a companhia adotasse o USB-C.
A União Europeia, no entanto, tem essa ideia de padronização desde a década de 2000. Em 2009, chegou-se a fechar um acordo voluntário entre empresas do setor, como Apple, Samsung e Nokia, para harmonização das entradas a partir de 2011. Não é possível dizer que a medida não teve sucesso, já que o micro-USB começou a dominar os smartphones, e posteriormente, foi substituído pelo USB-C. A única empresa que não consegue (ou não quer) adotar o padrão em seus celulares é a Apple.