Após petição, fundação envia HD para Microsoft abrir código do Windows 7

Free Software Foundation coletou mais de 13 mil assinaturas pedindo para a Microsoft deixar a comunidade tomar conta do Windows 7
Renato Santino18/02/2020 21h42, atualizada em 18/02/2020 21h45

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Desde o início de janeiro, o Windows 7 foi abandonado pela Microsoft, apesar de alguns bugs forçarem a empresa a lançar atualizações imprevistas. Desde então, a Free Software Foundation, fundação que, como o nome indica, defende o software livre, tem pedido à empresa para que libere o código-fonte do sistema operacional. Agora, o grupo chegou a enviar um HD para a Microsoft, na esperança de recebê-lo de volta com o código do Windows.

A fundação havia iniciado, no dia 24 de janeiro, uma petição para tentar fazer um pouco de pressão sobre a Microsoft. Inicialmente, eram esperadas 7.777 assinaturas, mas ao final da campanha, o grupo registrou um total de 13.635 pessoas pedindo a abertura de código do Windows 7.

Em seu blog, a fundação diz que acompanhou a repercussão da petição e os milhares de apoios e decidiu oferecer os meios para que a Microsoft atenda a sua solicitação.

“Nesta tarde, enviamos um HD junto com as assinaturas para os escritórios corporativos da Microsoft. É simples: basta copiar o código-fonte, incluir um aviso de licença e enviar de volta para nós. Como guardiões da licença de software livre mais popular do mundo, estamos prontos para dar a eles toda a ajuda que pudermos. Eles só precisam pedir”, diz a publicação.

“Queremos que eles mostrem o quanto eles realmente amam o software livre que eles mencionam em seu material publicitário. Se eles realmente amam o software livre (e nós estamos dando a eles o benefício da dúvida), eles têm a oportunidade de mostrar para o mundo. Esperamos que eles não estejam apenas capitalizando em cima do modelo de desenvolvimento do software livre da forma mais superficial e abusiva possível: usando-o como uma ferramenta de marketing para nos enganar e nos fazer pensar que eles se importam com nossa liberdade”, conclui o texto.

A lógica da fundação é interessante. Se a Microsoft cedesse o código-fonte do Windows 7, seria possível dar a ele uma nova vida, permitindo que uma comunidade de entusiastas e especialistas continuasse a liberar a melhorar o sistema operacional mesmo após o fim do suporte oficial, mantendo o software seguro por tempo indeterminado, o que poderia ser muito bom para quem ainda não migrou para outra plataforma mais atual.

No entanto, é pouco provável que a Microsoft atenda essa solicitação, mesmo que a FSF seja bastante insistente em seu pedido. A companhia é notadamente avessa a abrir o código de seus softwares, com algumas exceções. O MS-DOS, sistema baseado em linhas de comando criado pela empresa ainda nos anos 1980 teve seu código publicado no GitHub em 2018; o Word 1.1, igualmente antigo, também teve seu código-fonte divulgado em 2014. Recentemente, a calculadora do Windows também se tornou livre, mas são todos casos pontuais de softwares que pouco afetam a estratégia comercial da Microsoft nos dias atuais.

Enquanto isso, uma potencial abertura do Windows 7 faria com que usuários perdessem a necessidade de migrar para um sistema mais recente, o que pode impactar vendas de licenças do Windows 10, além de expor linhas de código que ainda podem ser úteis e estar presentes nas versões mais recentes do Windows, dando à concorrência a oportunidade de copiá-las.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital