Aplicativo mal programado gera caos em processo eleitoral nos EUA

Caucus no estado de Iowa dependia de aplicativo para registrar e transmitir dados, mas o sistema não funcionou direito
Renato Santino04/02/2020 18h05, atualizada em 04/02/2020 18h15

20200204031039

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Há muita discussão no Brasil sobre o uso da urna eletrônica e os Estados Unidos deram nesta semana uma aula de como NÃO envolver tecnologia no processo eleitoral. Em Iowa, onde é realizado o caucus no qual os eleitores do Partido Democrata no estado votam em qual será o representante do grupo na corrida presidencial, tudo deu errado, e a divulgação dos resultados foi atrasada em um dia inteiro como resultado de problemas técnicos.

Inicialmente, chegou-se a especular que o atraso poderia ser resultado de um ciberataque, mas na manhã desta terça-feira, o partido confirmou que se tratava de um problema na programação do aplicativo utilizado para registrar e relatar as informações.

“Como parte de nossa investigação, determinamos que os dados coletados por meio do aplicativo estavam intactas. No entanto, apesar de os dados serem gravados corretamente no app, ele estava reportando apenas dados parciais”, explica o comunicado do partido. O bug foi corrigido e, em teoria, não deve mais afetar a apuração.

Ao que tudo indica, no entanto, os bugs foram bem além da falha de programação. Alguns dos delegados reportaram incapacidade de fazer o login no app, o que normalmente indica problema com sobrecarga nos servidores.

Os problemas com a tecnologia foram tantos que, em determinado momento, vários dos delegados começaram a desistir de transmitir os dados por vias tecnológicas e começaram a usar uma linha telefônica segura para tentar informar os resultados. No entanto, eles enfrentavam longos períodos de espera, e muitas vezes a ligação caía antes de os dados serem transmitidos.

O aplicativo em questão é uma novidade deste processo eleitoral. O app foi desenvolvido por uma empresa chamada Shadow, com sede na cidade de Washington. Segundo o New York Times, o partido pagou cerca de US$ 63 mil pelo app, que foi desenvolvido às pressas ao longo de dois meses e não foi testado adequadamente em condições mais exigentes que dariam uma dimensão do stress necessário para suportar o impacto.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital