Foi no dia 7 de outubro de 2008, uma década atrás, que uma dupla de empresários da Suécia colocou no ar seu primeiro aplicativo: o Spotify. O serviço de música por streaming rapidamente se tornou o maior do gênero em todo o mundo e, neste fim de semana, completou 10 anos na estrada.
Mas muita coisa pode acontecer em 10 anos, e nem mesmo o assinante mais antigo da plataforma sabe todos os detalhes da história. Nos parágrafos abaixo nós listamos algumas das principais curiosidades a respeito do serviço de streaming de música que dominou o mercado.
1. A primeira versão usava arquivos MP3 piratas;
Muita gente concorda que o Spotify é uma alternativa legal, cômoda e barata à pirataria. Mas você sabia que uma das primeiras versões do aplicativo chegou a usar arquivos MP3 piratas? Isso foi lá atrás, em 2008, quando a empresa ainda estava testando o serviço.
Rasmus Fleischer é um pesquisador que, na época, estava envolvido com uma banda que decidiu compartilhar seu novo disco diretamente no Pirate Bay. Pouco tempo depois do disco ser lançado por lá, ele misteriosamente apareceu no Spotify. “Eu achei aquilo engraçado”, disse ele. “Então mandei um e-mail para eles perguntando como eles tinham conseguido o disco. Eles disseram ‘agora, durante o período de testes, usamos a música que achamos’.”
Fleischer fez o comentário em uma entrevista ao site sueco DI.se. De acordo com ele, “a versão beta do Spotify era originalmente um serviço pirata. Ela distribuía arquivos .mp3 que os empregados da empresa tinham em seus HDs”, comentou ele. Até hoje, o Spotify nunca desmentiu a alegação.
2. Já foi acusado de incluir artistas ‘fantasmas’ em playlists;
Algumas das playlists mais populares do Spotify contavam com canções de artistas que não existem em nenhum lugar fora do serviço. São artistas “fantasmas”, supostamente inventados apenas para economizar dinheiro. Pelo menos é o que algumas reportagens alegaram.
Esses artistas “falsos” aparecem em playlists como Sono Profundo e Músicas para Concentração. Segundo o Vulture, o Spotify contratou produtores que criaram músicas especificamente para essas listas de reprodução. Os produtores recebem um valor fixo pelas canções e o Spotify ficaria, assim, livre de pagar royalties por elas. Na época, o Spotify negou tudo.
3. Quase foi comprado por uma gigante chinesa;
A Tencent é uma espécie de “Google da China”, com domínio sobre diversos setores da tecnologia e da internet no mundo oriental. Ela é dona do WeChat, um dos apps de mensagens mais usados na Ásia, e do jogo “Clash of Clans”, um dos mais rentáveis do mundo, só para citar dois exemplos.
Em 2017, a Tencent chegou a negociar a compra do Spotify. Não se sabe quanto dinheiro a empresa teria oferecido, embora o serviço de streaming, na época, estivesse avaliado em US$ 13 bilhões. Fontes do site Techcrunch indicaram que os suecos só recusaram a oferta porque planejavam estrear na bolsa de valores no ano seguinte.
4. Artistas ganham menos com streaming do que com venda de CDs;
O Spotify paga royalties com base no número de vezes que as músicas de um artista são reproduzidas, proporcionalmente ao total de músicas ouvidas pelo streaming. Segundo a empresa, 70% dos royalties vão para as entidades que são donas dos direitos das músicas – em muitos casos, as gravadoras, e não os próprios artistas.
Um levantamento do site The Trichordist indica que um artista precisa ter sua música ouvida 1.000 vezes para ganhar US$ 3,97 neste esquema. Por conta disso, muitos artistas dão preferência a outros serviços de streaming concorrentes, como o Tidal, criado por Jay-Z e sua turma, que paga bem mais.
5. O nome nasceu de uma confusão entre os fundadores;
Daniel Ek e Martin Lorentzon, os criadores do Spotify, estavam no apartamento do primeiro em 2006, cada um num cômodo diferente. Eles estavam tentando pensar num nome para a empresa e ficaram gritando ideias diferentes de um para o outro. Eles até usaram aplicativos geradores de nomes aleatórios.
“Do nada, Martin gritou um nome que eu entendi errado como ‘Spotify'”, escreveu Daniel no fórum Quora certa vez. Eles jogaram o nome no Google, não existia qualquer Spotify no mundo, e, minutos depois registraram o domínio. Tempos depois, a empresa inventou a falsa explicação de que o nome vinha da junção das palavras “Spot” e “Identify”. O próprio Daniel confirmou que esse não foi o caso.
6. A versão grátis já foi bem limitada;
Quando o Spotify foi lançado em 2008, a versão Premium estava aberta a qualquer um, mas a versão grátis só era acessível por convite. Quando o serviço começou a ser lançado em outros países – mais especificamente nos EUA – usuários tinham direito a apenas seis meses grátis.
Quando esse período de testes gratuitos acabou, em janeiro de 2012, usuários tinham direito a usar o serviço por apenas 10 horas por mês sem pagar, e podiam ouvir a mesma música apenas cinco vezes. Em março do mesmo ano, todas as restrições foram derrubadas e a versão grátis que conhecemos hoje começou a valer.
7. A relação com a Apple não é muito amigável;
A Apple lançou seu próprio serviço de streaming de música, o Apple Music, em junho de 2015. Imediatamente um mês depois, aparentemente sentindo-se ameaçado pela concorrência, o Spotify começou uma campanha contra a empresa. Tudo porque os suecos acham que a Maçã abusa da sua influência no mercado.
Por e-mail, o Spotify pediu que usuários no iOS cancelassem suas assinaturas pelo iTunes e as fizessem novamente pelo próprio site da plataforma, só para que a Apple não ficasse com 30% das transações. Depois disso, o Spotify também passou a “boicotar” artistas que assinavam acordos de exclusividade com a Apple.
8. Tem ligação direta com o criador do Napster;
Você lembra do Napster? O programa foi criado em 1999 como uma ferramenta de arquivos P2P – ou seja, na maioria dos casos, pirataria. Em 2001, o serviço não aguentou o alto volume de processos na Justiça internacional e fechou as portas.
Mas Sean Parker, seu criador, não se deu por satisfeito. Ele foi um dos primeiros e maiores financiadores do Spotify. Em 2010, ele investiu US$ 15 milhões no então iniciante serviço de streaming de música. Segundo Parker, ele estava em busca de uma empresa capaz de levar adiante a filosofia do Napster de compartilhamento de música, só que legalmente.
9. O catálogo tem mais de 35 milhões de músicas;
Alguns números interessantes sobre o Spotify: o catálogo tem mais de 35 milhões de músicas; nem todas estão disponíveis em todos os países em que o serviço opera; o número também não inclui os episódios de podcasts.
Até junho de 2018, o Spotify tem 83 milhões de assinantes. Contando os usuários da versão grátis, o total é de 180 milhões de pessoas. São mais de 2 bilhões de playlists criadas em 65 “mercados” pelo mundo, termo que inclui países e regiões remotas do planeta.
10. A música mais ouvida é…
Segundo o Spotify, 15 músicas já foram reproduzidas mais de 1 bilhão de vezes. A campeã de todas, pelo menos até outubro de 2018, é “Shape of You”, do britânico Ed Sheeran. Até mesmo no Brasil: por aqui, esta canção foi reproduzida mais de 130 milhões de vezes desde que foi lançada, em janeiro de 2017.