A Amazon anunciou nesta quarta-feira, 14, o lançamento do seu serviço de streaming em mais de 200 países, incluindo o Brasil. O Amazon Prime Video chega por aqui (e em muitos outros lugares) aparentemente disposto a competir pelo público em um mercado quase totalmente dominado pela Netflix.

A competição sempre traz benefícios para o consumidor, e há quem argumente que, num futuro próximo, assinar mais de um serviço de streaming será normal. Mas, pelo menos por enquanto, será que vale a pena trocar a Netflix pela Amazon? O que um tem que o outro não tem?

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Saiba como cada serviço se sai quando comparados frente a frente na nossa análise.

Conteúdo

Vamos começar pelo principal motivo que faz alguém assinar um serviço de streaming: o conteúdo. Tanto o catálogo da Netflix quanto o da Amazon vêm repletos de filmes e séries, muitos conhecidos, outros clássicos, algumas novidades e também exclusividades.

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A Netflix faz sucesso no Brasil e no mundo com séries originais como “Stranger Things”, “House of Cards” e “Orange is the New Black”. Sua parceria com a Marvel também rendeu boas adaptações de histórias em quadrinhos, como “Demolidor”, “Jessica Jones” e “Luke Cage”.

O conteúdo na Netflix cresce a cada semana, mas o catálogo não é o mesmo internacionalmente. Mês a mês, alguns títulos entram, enquanto outros desaparecem. Além disso, certas séries demoram muito tempo para receber novas temporadas, o que chateia alguns usuários.

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Nesse sentido, o Amazon Prime é bem parecido com o concorrente. Os dois têm muitos filmes em comum, incluindo clássicos como “Jurassic Park”, “Pulp Fiction” e “O Poderoso Chefão”. O serviço também tem séries próprias e exclusivas, como “The Man In The High Castle”, “Mozart In The Jungle” e “The Grand Tour”.

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Entre os principais destaques do catálogo do Amazon Prime estão as séries “Mr. Robot” e “Fear The Walking Dead”, que não estão no rival. Já na Netflix, o que a Amazon não tem são títulos como “Breaking Bad” e “The Walking Dead”, além de obras brasileiras como “Cidade de Deus” e “O Som ao Redor”.

O Amazon Prime oferece menos gêneros de filmes e séries, e muitos deles são velhos conhecidos do público. A quantidade de filmes da década de 1990 ou do começo dos anos 2000 impressiona. A sensação de navegar pelo Amazon Prime é como caminhar por uma locadora de DVDs, vendo o tempo todo aquelas mesmas capas de sempre, ou mesmo a de conferir a programação da “Sessão da Tarde”.

Não temos números absolutos, mas o catálogo da Netflix certamente parece maior que o da Amazon. A Netflix tem também um fator “descoberta” muito forte, uma capacidade de surpreender com títulos que você nem imaginava, entre filmes estrangeiros e séries originais, o que não é tão forte no Amazon Prime.

É claro que isso pode mudar nos próximos meses, conforme a Amazon ganhe mais e mais usuários. Mas, pelo menos por enquanto, a Netflix vence no quesito conteúdo.

Interface e recursos

Uma comparação simples que podemos fazer entre a interface do Amazon Prime e a da Netflix é relacionar com outra disputa do mundo da tecnologia: Android contra iOS. Enquanto um oferece uma experiência bem mais livre e cheia de opções de personalização, o outro é mais fechado, mas também mais dinâmico e simples de usar.

Nesses termos, o Amazon Prime é como o Android e a Netflix é como o iOS. Isso não quer dizer que um é melhor do que o outro. Tudo depende dos hábitos do usuário e de como cada um gosta de usar seus serviços de streaming, o que é extremamente subjetivo.

Vamos destacar o que há de obviamente bom e ruim em cada um, portanto. No lado da Netflix, encontrar titulos novos e ajustar configurações do player é bem fácil. Todo o design é intuitivo, com ícones autoexplicativos e de fácil alcance. Qualquer pessoa pode usar a Netflix, embora nem tudo seja customizável.

Não se pode dizer o mesmo do Amazon Prime, especialmente por um fator crítico: toda a interface está em inglês. A maioria dos títulos contam com legendas em português, mas não é fácil encontrá-las – no nosso teste, levamos algum tempo vendo séries com legendas em “português de Portugal” até acharmos a legenda correta.

A plataforma até que se esforça, porém, destacando em primeiro lugar na home os títulos com áudio ou legendas em português. Além disso, por padrão, as legendas vêm com uma sombra por trás que faz o vídeo parecer ter sido baixado ilegalmente. É possível configurar isso também, mas só se você “fuçar” bastante na interface até encontrar. Todo o resto, incluindo sinopses e termos de uso, está em inglês.

Ao contrário da simplicidade da Netflix, porém, o Amazon Prime tem opções bem interessantes. Junto a cada episódio de série ou filme há uma indicação da nota que aquela obra recebeu no IMDb (Internet Movie Database, espécie de enciclopédia virtual do cinema). Além disso, durante a execução dos vídeos há trechos de curiosidades sobre a produção, além de pequenas biografias dos atores.

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Como o Android, o Amazon Prime oferece muita liberdade de personalização, mas não é tão fácil de usar se você for um usuário mais “leigo”. Como o iOS, a Netflix é muito simples, minimalista e intuitiva, embora não ofereça tanta liberdade. Novamente, tudo depende do que você quer fazer com a plataforma.

Mas só por oferecer uma interface em português (isso é o mínimo, Amazon!), a Netflix ganha em mais este ponto.

Disponibilidade

Recentemente, a Netflix surpreendeu os usuários ao liberar a opção de assistir a filmes e séries offline, baixando títulos pelo aplicativo. O recurso era pedido há muito tempo e dá a chance para que os assinantes aproveitem mais ainda o conteúdo contratado – embora nem tudo esteja disponível para download.

O Amazon Prime também permite baixar títulos para ver no celular ou tablet, e quase todo o seu catálogo está disponível offline (diferentemente da Netflix). Mas não é tão simples assim. Após baixar um filme, por exemplo, você tem até 48 horas para se conectar à internet novamente e mantê-lo salvo offline. Se isso não acontecer, o título é apagado do seu catálogo de downloads.

Além disso, o Amazon Prime não pode ser visto em qualquer lugar. O aplicativo está disponível para Android e iOS, além de tablets com o sistema Fire OS da própria Amazon. Semelhantemente, apenas algumas Smart TVs da LG e da Samsung têm o app. No PC, só pelo browser. E isso é tudo.

Já a Netflix está disponível também para Windows Phone, além de TVs de muitas outras marcas, como Panasonic, Philips, Sharp e Sony. É possível também baixar o app para consoles de videogame, como PS3, PS4, Wii, WiiU, Xbox 360 e Xbox One. Até aparelhos de Blu-ray podem ser usados para assistir a filmes na Netflix.

Além disso tudo, não se pode criar diferentes perfis no Amazon Prime, como é possível fazer na Netflix, gerenciando os gostos de pessoas diferentes ou do mesmo usuário. O serviço também só funciona em uma tela de cada vez, enquanto na rival, dependendo do pacote contratado, você pode deixar até quatro telas executando a Netflix ao mesmo tempo.

Levando isso tudo em conta, fica nítido que a Netflix é muito mais aberta para ser acessada de qualquer lugar – mesmo que nem tudo esteja disponível para download. Neste quesito, portanto, temos mais uma vitória para a Netflix.

Conclusão

Chegando ao cerne da questão “Vale a pena trocar um pelo outro?”, a resposta é “não”. Como era de se esperar, a Netflix ainda é muito melhor e mais flexível em alguns aspectos-chave do consumo de streaming, e há muito espaço para o Amazon Prime melhorar.

Dito isso, vamos a outra pergunta importante: vale a pena assinar o Amazon Prime, mantendo sua assinatura da Netflix? Com certeza que sim. O serviço custa apenas US$ 2,99 nos primeiros seis meses, o que equivale a cerca de R$ 10 em conversão direta. Após esse período, o preço sobe para US$ 5,99 (pouco mais de R$ 20).

A primeira semana é grátis e o usuário pode cancelar quando quiser, assim como na Netflix. O serviço pode ainda não estar em sua melhor forma, mas tem potencial. Por ser um pouco mais barato e ter alguns títulos que o rival não tem, o Amazon Prime funciona muito bem como um complemento aos seus hábitos de consumo de conteúdo por streaming.