Aquelas cenas em que dezenas de fotógrafos aglomerados com suas incríveis e gigantescas objetivas parecem estar com os dias contados, ao menos quando estiverem usando as chamadas lentes olhos de peixe. Isso é o esperado depois da invenção dos engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em parceria com colegas da Universidade de Massachusetts (UMass), da cidade de Lowell.

Eles conseguiram desenvolver a mesma lente olho de peixe em formato milimétrico e completamente plana, a partir de uma única peça de vidro. E o melhor, com a mesma capacidade de produzir imagens panorâmicas nítidas de 180 graus.

Para que o leitor menos afeito a fotografia entenda o tamanho da façanha dos engenheiros é relativamente simples. Quando buscam capturar imagens panorâmicas em uma única foto, os profissionais normalmente usam as chamadas lentes olho de peixe, que são um tipo de objetiva grande-angular feitas de várias peças de vidro curvo. Elas distorcem a luz que entra para produzir imagens amplas, com grande distorção óptica e semelhantes a bolhas. Seu design esférico com várias peças, como produzidas até aqui, torna estas lentes necessariamente volumosas e, frequentemente, caras de produzir. 

Reprodução As lentes olho de peixe disponíveis no mercado são um tipo de objetiva grande-angular feitas de várias peças de vidro curvo. Tecnologia do MIT miniaturiza o mecanismo sem perda de qualidade. Crédito: C. Cagnin/Pexels

Conquista é tida como revolucionária

O que os engenheiros do MIT e da UMass estão oferecendo, e algo revolucionário, cujo design é um tipo de “metalente”, com material fino e com características microscópicas, que trabalham juntas para manipular a luz de uma maneira específica.

O minúsculo pedaço de vidro é coberto de um lado com estruturas que espalham com precisão a luz que entra para produzir imagens panorâmicas, similar às lentes curvas convencionais. A nova lente funciona na parte infravermelha do espectro, mas os pesquisadores já adiantaram que ela pode ser modificada para capturar imagens usando luz visível também.

A lente poderá ser adaptada para uma variedade de aplicações, inclusive embutidas diretamente em smartphones e laptops, em vez de serem fisicamente conectadas como complementos volumosos. Também podem ser utilizadas em dispositivos de imagens médicas, como endoscópios, além de óculos de realidade virtual, aparelhos eletrônicos vestíveis e outros dispositivos de visão computacional.

Reprodução Juejun Hu, professor associado de Ciência e Engenharia de Materiais do MIT, pesquisa novos materiais e dispositivos que contribuem na exploração das interações da luz com a matéria. Crédito: MIT/Divulgação

“Este projeto é um tanto surpreendente, porque alguns pensaram que seria impossível fazer uma metalente com uma visão de campo ultralargo”, disse Juejun Hu, professor associado do departamento de Ciência e Engenharia de Materiais do MIT. O docente está animado com o feito de sua equipe, julgando-o completamente fora das expectativas. “Isso não é apenas dobrar a luz, é dobrar a mente”, afirma.

O nome da lente é decorrente do grande ângulo de visão que permite, semelhante à perspetiva do olho de um peixe. Foram desenvolvidas inicialmente para uso em astronomia, garantindo o registro o céu no seu todo, mas acabaram caindo nas graças dos fotógrafos. Este tipo de lente permite aos profissionais maior caráter artístico às imagens, além de oferecer capacidade de focar de perto o objeto e obter uma profundidade de campo muito grande.

O trabalho foi publicado na revista Nano Letters e, além de Juejun Hu, a equipe do MIT teve ainda como coautores Mikhail Shalaginov, Fan Yang, Peter Su, Dominika Lyzwa, Anuradha Agarwal e Tian Gu, junto com Sensong An e Hualiang Zhang da UMass Lowell.

Fonte: MIT News