A Amazon montou um programa de espionagem tendo como alvo seus funcionários, segundo arquivos obtidos pelo Vice. O foco da companhia, segundo o site, é o monitoramento de postagens nas redes sociais de grupos públicos ou privados.
A multinacional espiona principalmente motoristas do serviço de entregas Amazon Flex, dos EUA, Reino Unido e Espanha. De acordo com documentos da Amazon, agentes corporativos têm vigiado os funcionários usando uma ferramenta interna de monitoramento de redes sociais.
Com isso, são feitos relatórios sobre os trabalhadores para armazenar as postagens que contém reivindicações trabalhistas ou denúncias. Os posts são classificados em diversas categorias como “más condições de trabalho” e “Greves/protestos: PDs (membros do Partido Democrata) planejando qualquer greve ou protesto contra a Amazon”.
Também são linkadas matérias jornalísticas sobre as greves e várias citações em redes sociais acerca do Amazon Flex. E ainda, a plataforma de espionagem armazena conversas de trabalhadores e subreddits (subfóruns do site Reddit) sobre como dirigir para o serviço.
Trabalhadores da Amazon são monitorados nas redes sociais pela empresa. Crédito: Geralt/Pixabay
Sigilo no monitoramento
Após gravar um grande volume de informações, a empresa solicita sigilo aos trabalhadores que operam o programa de monitoramento. Tanto que uma página de login que antecede o arquivo dos funcionários contém o seguinte aviso: “as informações relacionadas a diferentes postagens relatadas em vários fóruns sociais são classificadas. NÃO COMPARTILHE sem autenticação adequada”.
Na terça-feira (1º), a companhia inclusive postou — e depois deletou — uma lista de emprego que continha o cargo “analista de inteligência”. A função descrita na vaga era vigiar “ameaças de organização de trabalho contra a empresa”, além de coletar material para uma eventual ação na justiça que a companhia poderia promover contra grupos trabalhistas.
A notícia de que a Amazon está espionando seus funcionários chega após milhares de trabalhadores protestarem contra condições trabalhistas desfavoráveis durante a pandemia da Covid-19 em países como EUA e Alemanha. No fim de agosto, funcionários resolveram se manifestar contra baixos salários montando uma guilhotina na frente à residência de Jeff Bezos, CEO da gigante do e-commerce. Os protestos também chegaram às redes sociais, como Twitter e Facebook.
Fonte: Vice