Estudiosos começaram a olhar para a tecnologia como uma das responsáveis pelo o desinteresse da população mais jovem dos Estados Unidos pelas drogas. Ainda não há nenhuma comprovação sobre essa correlação, mas muita gente passou a acreditar que o vício em smartphones pode estar indiretamente ajudando a evitar vícios mais tradicionais.
O New York Times publicou uma reportagem na última segunda-feira, 13, trazendo a opinião de vários especialistas, tanto em psicologia quanto em drogas. Apesar de haver certo ceticismo — até porque o mercado de smartphones é muito novo —, nenhum descarta que haja de fato uma ligação entre os vícios.
Houve uma queda no uso de drogas por adolescentes do país na última década, e justamente nesse período ocorreu a explosão da tecnologia pessoal, com o surgimento de smartphones e redes sociais. Como campanhas de prevenção têm historicamente apresentado resultados tímidos, especialistas saltaram para essa nova possibilidade.
Um dos fatores que impulsionam tal corrente é o fato de que o consumo constante de mídia interativa causa impulsos similares aos que são proporcionados pelas drogas. O usuário também se tornaria mais apático, sem muita motivação para socializar pessoalmente, e é justamente em eventos sociais (como festas) que costuma ocorrer o contato com substâncias como álcool, maconha e cocaína.
Além disso, o desinteresse nas substâncias tem sido visto de maneira generalizada, não importa a classe social, se são meninos ou meninas, o que reforça a ideia de um agente universal — que seria o smartphone.
O jornal entrevistou adolescentes que confirmaram usar o smartphone como escudo antidrogas. Uma garota de 17 anos, cosumidora ocasional de maconha, disse que já se viu fingindo estar digitando no aparelho para desviar de uma roda de fumo, por exemplo. Outra, de 18 anos, disse que, para ela, há sim a substituição: “Quando estou sozinha em casa, meu primeiro instinto é procurar o telefone. Outros jovens vão para os bowls”, explicou, referindo-se a um aparato usado para fumar maconha.
Curiosamente, a possível troca de uma coisa pela outra não é algo que os especialistas comemoram com pleno entusiasmo, tanto que alguns deles disseram ao NYT que ainda têm esperança de que as quedas no uso de drogas estejam relacionadas a campanhas de prevenção.
Eric Elliot, pai da garota de 17 anos e que também atua como psicólogo na sua escola, afirmou ao jornal que está mais preocupado sobre o vício no smartphone do que nas drogas. “Eu a vejo neste momento como não sendo uma pessoa que seja controlada de forma alguma pela maconha”, comentou. “Mas seu telefone é algo com o que ela dorme.”