A norte-americana Tesla estaria negociando uma megaparceria para a obtenção de níquel de baixo carbono com a mineradora canadense Giga Metals. A informação foi dada pela Reuters a partir da confirmação de três fontes. Este minério é essencial para a produção das baterias usadas pelos carros elétricos, cuja produção cresce em ritmo acelerado no mundo.

Mais do que garantir o suprimento desta matéria-prima, Elon Musk, CEO da Tesla, busca meios de conseguir isso de forma ambientalmente sustentável. Se bem-sucedido, isso implicaria na redução da pegada de carbono da companhia, que o bilionário fundou em 2003.

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Caso parceria entre Tesla e Giga Metals se confirme, projeto exigiria cerca de US$ 1 bilhão, sem levar em conta investimentos para produção de energia hidrelétrica. Crédito: Craig Adderley/Pexels

Contrato gigante e por longo período

Recentemente, Musk já havia causado agitação no setor de mineração, ao revelar que estaria buscando firmar um acordo com aquele que conseguisse lhe oferecer níquel com preço atraente e baixo impacto ambiental. “A Tesla vai lhe dar um contrato gigante por um longo período se você minerar níquel de forma eficiente e de maneira ambientalmente sensível”, disse no último 22 de julho, durante videoconferência para apresentar os resultados do segundo semestre da companhia.

Se as fontes da Reuters estiverem certas, a Giga Metals pode ter ganhado esta corrida. Segundo elas, os planos para a produção de níquel de baixo carbono da mineradora canadense incluiria transformar os resíduos de suas operações de mineração em rocha tipo cimento, usando dióxido de carbono extraído da atmosfera e energia hidrelétrica.

No entanto, o presidente da Giga Metals, Martin Vydra, se recusou a fazer qualquer comentário sobre a negociação com a Tesla. Ainda assim, disse que a empresa está preparada. “A Giga está ativamente engajada, e há algum tempo, com as montadoras em relação à nossa capacidade de produzir níquel neutro em carbono.” Segundo ele, o custo para dar conta do projeto, excluindo o processo de levar energia hidrelétrica para o local, seria inferior a US$ 1 bilhão.

ReproduçãoEstudo aponta que carros elétricos devem representar 10% da frota mundial em 2030, fazendo com que o consumo de níquel para baterias represente 30% da demanda. Crédito: Roberto Nickson/Pexels

Corrida dos carros elétricos

Atualmente, entre os principais produtores globais de níquel estão Rússia, Canadá e Austrália. Mas acredita-se que a maior parte da nova produção deste minério virá da Indonésia, país que não prima pelo zelo às questões ambientais. Ali, por exemplo, o despejo de resíduos de mineração é feito no oceano. Tais práticas, além de trazer preocupações aos ambientalistas, não condizem com a imagem de um automóvel elétrico, produto que ajuda justamente a reduzir a poluição no trânsito.

Com o aumento das vendas dos carros elétricos, é esperada um aquecimento da demanda por níquel nos próximos anos. Isso é reflexo da atual preocupação com a mudança climática e da busca por meios de reduzir a emissão de gases poluentes, especialmente oriundos dos motores a diesel e à gasolina, que são os causadores do efeito estufa.

Um estudo da FGV Energia aponta que, até 2030, a frota de carros elétricos e híbridos alcance a marca de 140 milhões de unidades, ou 10% da frota. Seguindo nesta mesma direção, as previsões da Benchmark Mineral Intelligence sugerem que o uso de níquel somente para as baterias alcançará 1,4 milhão de toneladas também em 2030, ou 30% da demanda total. Atualmente, este consumo está em cerca de 140 mil toneladas, ou 6% da demanda, indo parar principalmente nas indústrias de aço inox.

Fonte: Reuters