Internet das coisas, big data, blockchain, inteligência artificial, realidade virtual, cloud computing, 5G, impressão 3D e por aí vai. Todos estes itens são frutos da enérgica evolução tecnológica que progride de forma incontrolável. Todas essas tecnologias precisaram apenas dos últimos dez anos para surgir.

Quando a máquina a vapor surgiu o ano era 1698. Somente em 1886 nós tivemos o primeiro carro. Em 1876, o telefone foi inventado. Depois de 20 anos, o rádio. Foi só em 1969 que tivemos o surgimento da internet. Sua popularização veio muito depois, apenas nos anos 90. Antigamente a tecnologia caminhava em direção a melhorias e a sua própria evolução, mas nem se compara à velocidade com que progride nos dias atuais.

Como o médico que curava através da ciência era visto com estranheza por aqueles que apelavam para as divindades, o profissional de TI, por alguns anos, também era encarado da mesma maneira pelo mercado. Os novos cursos que formavam esses profissionais em nada se pareciam com os tradicionais cursos como o de direito ou medicina. Talvez um pouco com engenharia, pela quantidade de números e proximidade do raciocínio lógico, mas ainda sim o tema era estranho.

No entanto, à medida que progredíamos em direção ao futuro buscando criar e inovar, os profissionais de TI passaram a ser mais procurados. Esse campo de atuação passou a se diversificar cada vez mais. Surgiram novas tecnologias, produtos, serviços, modelos de negócio, todos conduzidos pelo avanço e, consequentemente, foi preciso capacitar profissionais na mesma proporção.

Hoje em dia chegamos ao ponto de que as questões relacionadas à tecnologia já não são exclusividade dos profissionais de TI. Todas as profissões e atividades precisaram se ajoelhar perante a imponência da presença tecnológica em nossas vidas. 

Nos últimos dois anos se ouve falar muito de segurança e proteção ligada a toda essa evolução tecnológica. Ora, a evolução tecnológica trouxe consigo riscos, ignorá-los pode ser a ruína dos modelos de negócio que buscam se diferenciar e reinventar acompanhando tantas mudanças, não ficando à mercê do tempo.

Mas qual a importância de segurança e proteção? Será que estas palavras não seriam o freio no desenvolvimento? Muitos empreendedores diriam que sim. Outros diriam que isso remete a um conservadorismo que não tem espaço num projeto de crescimento exponencial.

Pois bem, gerir ou criar um negócio é como construir uma casa. Quando a fundação e os alicerces não são fortes o suficiente, ou apresentam falhas que podem comprometê-la, esta estará fadada a desabar. Segurança e proteção agora são parte dos alicerces das empresas. Elas devem existir como padrão, desde a concepção do negócio. Somente assim podemos garantir a perpetuidade das organizações num ambiente como o atual, que serve de motivação para os criminosos cibernéticos que buscam provar o seu valor – como no faroeste, os malfeitores se orgulhavam das recompensas postas sob suas cabeças. Os hackers se orgulham da reputação e exposição a eles atribuída após um feito expressivo.

Se falarmos num ambiente cada vez mais conectado e dependente de tecnologia, e se lembrarmos dos ataques de 2017, veremos que sem os profissionais de TI e segurança muitas empresas ainda estariam se recuperando do golpe no estômago que lhes foi dado. O relatório Cyber Security Insights da Norton aponta que, em 2017, o Brasil foi o segundo país com o maior número de crimes cibernéticos no mundo, sendo superado apenas pela China. Mais de 62 milhões de brasileiros foram impactados de alguma forma, gerando um prejuízo de US$ 22 bilhões.   

Deve, portanto, o profissional de TI do futuro não conhecer apenas departamentos pertinentes à tecnologia, mas também de áreas como estratégia e administração, pessoas e projetos, pois esse tipo de colaborador passa a desenvolver um papel crucial de interlocutor entre os diversos setores da empresa, colaboradores, board e demais stakeholders.

A tecnologia e segurança podem representar uma oportunidade para os novos entrantes no mercado de trabalho. Sua qualidade e dedicação podem impactar drasticamente a sustentabilidade do negócio, que uma vez “fora do ar” pode não ter como se recuperar tão facilmente – da última vez nós tivemos a disrupção de serviços de infraestrutura crítica, foram milhares de vítimas espalhadas por 150 países e bilhões de dólares em prejuízos. Se a tendência é só crescer e evoluir, caso não estejamos preparados, o próximo ataque pode não ter volta.