A série que retrata o desastre de Chernobyl é um dos maiores destaques da HBO dos últimos tempos. Os episódios, bastante elogiados, mostram como as pessoas lidaram com o que aconteceu após a explosão de um dos núcleos de um dos reatores da usina nuclear em questão, localizada na cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia, que então era domínio da extinta União Soviética, hoje Rússia. E mesmo com todos o sucesso, os russos estão criticando a forma como o desastre foi retratado, afirmando que a atração não conta como ela aconteceu de fato.

Em resposta à série, os russos estão criando sua própria versão que conta como os fatos teriam ocorrido A produção ficou a cargo do canal NTV e será dirigida por Alexei Muradov. Segundo ele, seu projeto será focado não na explosão em si, mas, sim, no que pode ser chamado de “teoria da conspiração” que insere espiões americanos na narrativa.

Ah sim, importante lembrar que a União Soviética era um dos regimes comunistas mais fechados do mundo e famosa por esconder as reais dimensões de diversos acidentes que ocorriam no país. Para se ter uma ideia, o governo da época afirmou que “apenas” 31 pessoas morreram no combate ao incêndio na usina, quando o número estimado é milhares de vezes maior. 

Ilya Shepelin, do The New York Times, escreveu sobre o motivo que levou os russos a odiarem tanto a produção americana: “O fato de um canal de TV americano, não russo, nos falar sobre nossos próprios heróis é uma vergonha com a qual não podemos viver. E está é a verdadeira razão pela qual eles encontraram falhas na série.”

Por sua vez, Muradov diz: “Uma teoria sustenta que os americanos haviam se infiltrado na usina nuclear de Chernobyl. Muitos historiadores não negam que, no dia da explosão, um agente do serviço de Inteligência do inimigo estava presente na estação”. Essa explicação dá a entender que os heróis, retratados na nova produção do canal russo não serão os cientistas, soldados e civis que ajudaram a evitar uma disseminação de radiação que poderia varrer cerca de 1/4 da população da Europa, mas sim os oficiais da KGB que frustraram os planos dos agentes da CIA.

Essa pode não ser uma surpresa, como observa Shepelin, já que as lideranças russas raramente honram os sobreviventes de Chernobyl. “Basta ir ao site oficial do governo para ver quantas vezes o presidente Vladimir Putin menciona os sobreviventes da tragédia, muitos dos quais ainda estão vivos e sofrem de uma variedade de doenças induzidas pela radiação”. E completa: “As únicas referências de Putin a eles, ocorrem nos principais aniversários do acidente. Ele as mencionou pela última vem em 2016, no 30º aniversário do desastre.”

Via: AV Club