A nuvem matou o hardware?

Redação10/05/2016 15h42, atualizada em 10/05/2016 15h48

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Artigo de Rafael Venâncio, diretor de canais e alianças da F5 Networks Brasil e Cone Sul

Um falso dilema começou a ser explorado desde o momento em que o mercado de TIC compreendeu o valor que o modelo Software Defined Network (SDN) trazia para a indústria. Uma pesquisa da consultoria Mind Commerce, por exemplo, indica que até 2020 o mercado SDN irá valer US$ 11 bilhões. Diante de cifras como esta houve quem passasse a tratar o hardware, especialmente o hardware que opera dentro do datacenter, quase como uma commoditie. Sim, o SDN e outros modelos “Software Defined” (Software Defined Data Center, Software Defined Storage, etc.), são parte integrante do novo mundo que a computação em nuvem está criando e seguirão sendo cada vez mais estratégicos.

Mas isso não significa que exista uma oposição entre hardware e software e, pior, que em breve haveria um só vencedor. Só uma vertente venceria, aglutinando investimentos, sendo objeto de treinamentos e certificações de profissionais (claramente posicionados como ou de hardware, ou de software) disputados pelo mercado.

Na verdade, estamos longe deste quadro.

Não é necessário que o CIO ou outros gestores tenham de indicar a supremacia do hardware ou do software em suas próximas decisões de compra, em seus próximos projetos inovadores.

A verdade fica no meio: a maioria dos profissionais de TI prefere uma inteligente mistura de hardware e software. Assistimos, hoje, às contínuas bifurcação da rede e bifurcação do datacenter. Por bifurcação entenda-se uma infraestrutura de TIC que exista em parte dentro do ambiente da empresa, em parte na nuvem.

Na prática, a preferência por um modelo de TI baseado em software ou em hardware é fruto de diferentes papéis vividos pelos profissionais da empresa usuária. Em nosso relatório State of Application Delivery, os profissionais de TI que preferiram investir em hardware em vez de software foram os que se identificaram como experts em “rede” e em “segurança”. Isso faz sentido.

É que, em alguns casos, o hardware é realmente melhor do que o seu software correspondente, que opera de forma virtualizada.

Essa eficácia do hardware vem do fato de que, habitualmente, o hardware é projetado especificamente para um dado propósito. Por exemplo, arquiteturas de switch (que são muito diferentes das arquiteturas computacionais de uso geral) são projetadas para alta velocidade e escala. É por isso que um switch para grandes empresas ou para provedores de serviços é capaz de processar 100 Gbps de tráfego e um simples notebook, não. Note, porém, que esse mesmo switch é incapaz de executar o game Angry Birds.

Na rede, o hardware construído com propósito é não somente valioso, mas necessário para assegurar a velocidade, a escala e a segurança dos dados por ele manipulados. Sem isso, teríamos de embarcar numa jornada para recriar os mesmos resultados usando meios arquiteturais e virtuais.

Mas não faz sentido defender a derrota do software diante do hardware.

Há boas razões para preferir o software ao hardware, particularmente quando analisamos as necessidades e exigências de aplicações e metodologias que valorizam agilidade e velocidade. Na nuvem, é claro que não há outra opção – você fica com software e ponto final. Isso ocorre porque a infraestrutura em formato de software, naturalmente modular, elástica e flexível, é mais adequada ao universo das aplicações Web e app services. Trata-se de um mundo que precisa ser ágil e fácil de provisionar, respondendo rapidamente a alterações no mercado, nos negócios, no ambiente de TIC.

Em vez de um dilema, portanto, o que temos é o forte valor tanto do hardware como do software e a clara adesão de todo o mercado a um modelo híbrido. Estamos falando de um modo de pensar a TI que é baseada no “e”, não no “ou”.

Os dois polos têm valor; investir mais em um do que no outro depende de qual tarefa o CIO está buscando realizar. Outra pergunta importante é “onde” – onde processar a aplicação, de onde acessar a aplicação.

Fica claro, portanto, que as decisões de um CIO não podem obedecer a uma lógica binária, excludente. O responsável por construir um ambiente de TI que trabalhe a favor do que o negócio é hoje e será no futuro reconhece que é falso o dilema hardware X software, e faz escolhas a partir de uma visão integrada, pragmática e sem rigidez.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital