Nesta semana, vimos a Samsung passar por uma situação curiosa. A empresa, uma das maiores fabricantes de TVs do mundo, decidiu alertar seus usuários sobre a necessidade de realizar regularmente uma varredura em suas smart TVs com um sistema de segurança digital interno para detectar potenciais malwares.

Indo além do fato de que a própria TV poderia realizar essas varreduras automaticamente, o anúncio chama a atenção porque muitos usuários sequer pensaram que algum dia suas TVs poderiam ser infectadas por malware. As pessoas pensam nos seus celulares e nos computadores, mas outros dispositivos conectados costumam ser sumariamente ignorados.

De fato, existem momentos em que o fato de a TV é smart a torna mais inconveniente do que uma TV “burra”, desconectada. Entenda alguns pontos problemáticos da tecnologia.

Segurança

O alerta da Samsung serve para abrir os olhos: se seu aparelho é conectado, é necessário tomar cuidado com sua segurança.

Pelo fato de uma smart TV oferecer entrada limitada de dados, é pouco provável que uma invasão cause grandes danos, como roubo de informação de cartão de créditos, por exemplo. No entanto, uma possível vulnerabilidade pode causar transtornos.

Por exemplo: um ataque bem-sucedido poderia roubar sua senha da Netflix. Essa informação poderia ser vendida na deep web, e pessoas estranhas poderiam começar a usar sua conta sem autorização.

Uma outra situação inconveniente seria uma possível infecção da TV para que ela se torne parte de uma botnet, o que significa que ocasionalmente ela poderia ser “sequestrada” para fazer parte de um ataque DDoS, por exemplo. Um dos efeitos mais imediatos percebidos seria uma lentidão pesada na conexão, que estaria ocupada com o ataque.

Software

Um problema das smart TVs está relacionado a qualidade de software. Apesar de as empresas terem dado grandes saltos de qualidade nos últimos anos, ainda existe uma fragmentação gigantesca nos sistemas operacionais dos televisores.

Isso cria situações incômodas para os desenvolvedores de aplicativos, que precisam suportar múltiplas versões do mesmo app em inúmeras plataformas diferentes, o que faz com que muitas vezes recursos novos e importantes acabem nunca chegando aos aplicativos mais usados.

Um tempo atrás, por exemplo, a Netflix introduziu o recurso de múltiplos perfis na mesma conta, o que foi ótimo para famílias, que poderiam ter sugestões baseadas em gostos individuais. No entanto, muitos usuários de smart TVs só foram ter acesso ao recurso muitos anos depois.

Uma tentativa de colocar ordem nessa situação foi a introdução do Android TV, que visava fazer pelas TVs o mesmo que o Android fez nos celulares, criando uma plataforma unificada e que daria mais tranquilidade a desenvolvedores. O sistema ainda não decolou, no entanto.

Privacidade

Em 2015, a Samsung se meteu em uma confusão após ser descoberto um item em sua política de privacidade que indicava que todas as conversas realizadas próximas do microfone da TV, que estava sempre habilitado para reconhecer comandos de voz, estavam sendo gravadas e processadas pelo sistema de reconhecimento de voz. A empresa sofreu ataques de todos os lados e precisou se explicar de que não era bem assim, e que só os comandos de voz eram processados, e todo o resto do áudio na sala era descartado.

Há algum tempo, estava na moda incluir câmeras nas TVs, o que facilitaria videoconferências, por exemplo, mas também abriria brecha para que as imagens da sua sala fossem capturadas em momentos mais inadequadas. Se você somar essa questão com a da segurança mencionada mais acima, temos uma potencial ferramenta de monitoramento e espionagem que pode ser incrivelmente danosa para uma empresa.

Fato é que apesar de não termos casos tão graves quanto os mencionados, as fabricantes estão, sim, coletando dados sobre os hábitos de consumo de vídeo dos usuários que podem vir a ser usado para personalização de anúncios. Inclusive, muitas fabricantes já sofreram ataques justamente porque suas TVs, muitas vezes caríssimas, mostram anúncios em suas interfaces.