A Apple está sendo derrotada em seu próprio jogo pela Microsoft

Renato Santino27/10/2016 20h52, atualizada em 27/10/2016 21h00

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Historicamente, a Apple conquistou o coração de um nicho muito importante de clientes: os criativos. São as pessoas que dependem da tecnologia para desenhar e editar imagens ou vídeos. Você não pode entrar em uma agência de publicidade ou estúdio de design e não encontrar ao menos um Mac de qualquer tipo.

No entanto, existe uma empresa, que nunca foi muito bem quista entre este público que está tentando ganhar este espaço. Uma empresa que nunca se destacou por hardware, mas que agora está conseguindo chamar a atenção para os seus dispositivos. Estamos falando, claro, da Microsoft.

A empresa famosa pelo Windows apresentou ontem o interessantíssimo Surface Studio, que é um desktop que tem um alvo definido: os clientes da Apple. A Microsoft quer atrair o designer, o ilustrador, o produtor de vídeos e está colocando novos elementos em jogo que podem chacoalhar a competição.

Começando pelo fato de que o Surface Studio praticamente elimina a necessidade de uma mesa digitalizadora. O desktop tem uma tela de toque ultrassensível que se reclina de uma forma que é possível se apoiar para desenhar livremente quase sem atraso no tempo de resposta. Ao mesmo tempo, a empresa introduziu o Surface Dial, uma espécie de disco que opera em conjunto com a tela de toque de uma forma verdadeiramente nova, e que ainda por cima funciona com outros dispositivos da linha Surface.

Do outro lado, a Apple, um dia após a empolgante apresentação da Microsoft, revelou o novo Macbook Pro em um evento modorrento. Ok, o notebook está mais fino, mais potente, mas não introduz nada que realmente repense a forma de trabalho com um laptop. O Touch Bar, que é uma barrinha dinâmica sensível ao toque posicionada logo acima do teclado, até é interessante, mas é incomparavelmente mais restritiva em suas possibilidades do que tudo o que a Microsoft apresentou no evento de quarta-feira.

Muito disso se deve ao fato de que a Apple se recusa terminantemente a introduzir painéis touch em seus Macs. É algo que está fora de cogitação dentro da empresa, enquanto a Microsoft abraça completamente esta ideia. E o fato de estar aberta a esta mudança faz com que a empresa do Windows esteja mais próxima de introduzir novos conceitos de produtividade.

Então é por isso que você provavelmente vai ver os criativos se interessando pela empresa que desprezavam há alguns anos. Em termos de hardware, a Microsoft apresentou todos os argumentos para ganhar o coração de quem antes amava a Apple. O problema é convencer os fãs do macOS a migrar para o Windows, e esta batalha talvez seja a mais difícil para uma empresa que se notabilizou pelo software.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital