Zoom admite ter suspendido contas a pedido do governo chinês

Usuários organizaram conferências para lembrar o Massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, quando forças do exército chinês reprimiram violentamente protestos estudantis pedindo a democracia
Rafael Rigues12/06/2020 18h52, atualizada em 12/06/2020 18h56

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A Zoom Video Communications, produtora do software de videoconferência Zoom, admitiu que suspendeu as contas de três ativistas a pedido do governo chinês. Dois deles são residentes dos EUA.

Lee Cheuk-yan, Wang Dan e Zhou Fengsuo foram acusados de planejar conferências para lembrar o “Massacre da Praça da Paz Celestial” (Tianamen Square) em 1989, quando tropas do exército chinês foram enviadas para acabar, de forma violenta, com protestos estudantis que pediam a democracia.

O governo chinês considera esta celebração como um ato ilegal. Segundo a Zoom, uma fonte da empresa nos EUA analisou a lista de participantes de duas reuniões e concluiu que elas tinham um número significante de participantes na China.

Outras duas não tinham participantes na China, mas o governo chinês insistiu que um dos organizadores realizou anteriormente uma conferência considerada ilegal, e que teve a participação de cidadãos chineses.

Wang Dan e Zhou Fengsuo eram líderes estudantis durante os protestos de 1989 e agora vivem nos EUA. Em declaração à Reuters, Wang disse: “A Zoom atendeu ao pedido da China. Ela não pode se safar apenas publicando uma declaração. Continuaremos usando meios legais e a opinião pública para pedir à empresa que assuma responsabilidade por seu erro”. As contas suspensas foram posteriormente reativadas.

A empresa afirma que não deu ao governo chinês acesso a nenhuma informação pessoal dos participantes ou conteúdo da conferência, e nega que tenha um “backdoor” que permita a alguém entrar em uma reunião sem ser visível. A companhia defendeu sua decisão de suspender as contas, já que não tem a “capacidade de remover participantes específicos de uma reunião, ou de impedir que participantes de um determinado país entrem numa videochamada”.

Desde que subitamente ganhou popularidade graças às quarentenas impostas em várias regiões para contenção da Covid-19, a Zoom vem se envolvendo em uma série de controvérsias relacionadas à segurança de seu software ou número real de usuários.

Nos EUA, alguns legisladores estão pedindo à empresa que esclareça sua ligação com o governo chinês. A empresa afirma que irá publicar um relatório de transparência em 30 de junho.

Fonte: Engadget

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital