Fazer um smartphone barato, mas com boas configurações, exige alguns sacrifícios. A Xiaomi, por exemplo, admitiu nesta quarta-feira que tem veiculado anúncios dentro dos apps pré-instalados, inclusive o de Configurações da MIUI, sua interface para Android. Mais do que isso: em comunicado enviado ao The Verge, a empresa ainda disse que a prática vai continuar, simplesmente por ser parte do modelo de negócios da marca.

O posicionamento veio após usuários do Reddit reclamarem de um aparente aumento na veiculação de anúncios em seus smartphones, ocorrido após uma atualização da MIUI. Segundo eles, os banners aparecem no menu de configurações, no player de música e no gerenciador de anúncios, entre outros aplicativos próprios da Xiaomi.

No comunicado, a empresa diz que há opções para desativar a exibição das propagandas. Porém, os relatos dizem que, mesmo com a opção de recomendações – usada para aceitar ou não a veiculação – desligada, os banners continuam aparecendo.

Vale ressaltar que os anúncios nas configurações não necessariamente aparecem para todos os usuários. Pelos relatos nos fóruns, os smartphones da Xiaomi vendidos na Europa não trazem esse “recurso”, que parece ser comum em outras partes do mundo, inclusive aqui no Brasil.

Mas por que colocar propaganda nos apps?

A prática de veicular anúncios dentro dos sistemas não é nem longe uma exclusividade da empresa chinesa. A gigante Amazon faz o mesmo com seus smartphones Fire vendidos lá fora, e pelo mesmo motivo: baratear os aparelhos e vender mais. O preço baixo acaba não gerando uma receita tão grande, mas disponibilizar espaços para anunciantes ajuda nos ganhos.

Tudo isso acontece porque, por maior que seja a fabricante, vender celulares não é um negócio exatamente lucrativo. Veja os casos de LG e Sony, por exemplo: as duas empresas ainda vendem milhões de unidades, mas vêm acumulando prejuízos trimestre atrás de trimestre em suas divisões mobile. Pior aconteceu com o Google, que trouxe a Motorola de volta à vida há alguns anos, mas não conseguiu ganhar praticamente nada em cima dos aparelhos.

Até mesmo a Samsung, que hoje lidera o mercado, tem encontrado dificuldades para fazer os lucros de sua área de área de celulares crescerem. O que traz mais retorno para a empresa sul-coreana hoje são os modelos mais baratos, enquanto seus topos de linha vendem cada vez menos e servem mais para mostrar a capacidade tecnológica da empresa.

Para ganhar mercado em uma área já saturada e sem tomar prejuízos, a Xiaomi optou por adotar essa estratégia não tão popular. E ainda que não esteja tão bem posicionada quanto a Huawei hoje, o plano tem dado resultado, como a análise da consultoria IDC para a o último trimestre mostrou bem.