O WhatsApp lançou, nesta terça-feira, dia 2, o serviço Checkpoint Tipline, voltado à checagem de fatos para o mercado indiano. Dessa forma, usuários da plataforma no país podem checar a veracidade de informações recebidas pelo aplicativo. A iniciativa é uma tentativa de combater a disseminação de fake news no app de mensagens durante o período eleitoral no país, que se inicia no próximo dia 11, com apuração final marcada para 23 de maio.

A ferramenta foi desenvolvida em parceria entre o WhatsApp e uma startup indiana chamada Proto. Com o serviço, usuários do aplicativo encaminham mensagens para o Checkpoint Tipline, que serão analisadas por uma equipe de checagem de notícis (ou fact-checking, se preferir) da Proto. Depois, o grupo classifica a informação como “verdadeira”, “falsa”, “enganosa” ou “contestada”. A startup também vai armazenar as mensagens para criar um banco de dados de estudos para entender a disseminação de desinformação.

O objetivo da nova iniciativa, segundo os fundadores da Proto, Ritvvij Parrikh e Nasr ul Hadi, é “estudar o fenômeno da desinformação em escala”. “À medida que mais dados fluírem, seremos capazes de identificar as questões, locais, idiomas e regiões mais suscetíveis ou afetados e muito mais”, acrescentaram.

O serviço tem suporte para cinco idiomas regionais, além do inglês, – Hindi, Telugu, Bengali e Malayalam – e é capaz de checar mensagens de texto, vídeo e imagem. Além da Proto, o WhatsApp também está trabalhando com a Dig Deep Media e a Meedan, duas organizações que desenvolveram projetos similares em outros países. A plataforma de checagem da segunda, a Meedan’s Check, foi desenvolvida para combater desinformação durante as eleições na França e no México e agora está integrada à API de negócios do WhatsApp.

De acordo com a Reuters, o Checkpoint Tipline, que já está em operação, pode apresentar alguns problemas nos primeiros dias de uso. Em um teste feito pela agência, uma mensagem suspeita encaminhada ao serviço ainda não havia sido analisada e classificada horas depois de enviada.

As ações do Facebook, dono do WhatsApp, para combater a propagação de notícias falsas se intensificaram depois que o aplicativo de mensagens passou a ser constantemente acusado de facilitar a disseminação de desinformação.

Na Índia, onde mais de 200 milhões de pessoas usam a plataforma, boatos espalhados pelo WhatsApp levaram a linchamentos e morte de 27 pessoas em dois meses. O aplicativo também foi uma das principais ferramentas de difusão em massa de fake news durante o período eleitoral brasileiro de 2018, o que piorou a sua reputação.

Além do Checkpoint Tipline, o WhatsApp implementou várias outras mudanças em sua plataforma para controlar a disseminação de fake news. Uma delas foi a ferramenta de marcação de mensagens encaminhadas – desse modo, o destinatário pode reconhecer melhor a origem da informação. Outra medida para tentar evitar a propagação de boatos foi a limitação do número de vezes que uma mensagem pode ser encaminhada, simultaneamente, para no máximo cinco conversas.

Antes da criação do serviço de fact-checking na Índia, o WhatsApp estava testando um recurso de busca reversa de imagens no aplicativo, que permitiria a verificação da autenticidade de fotos por meio de uma pesquisa no Google.

No entanto, apesar da implementação constante de iniciativas contra as fake news, a criptografia de ponta a ponta das mensagens no WhatsApp dificulta a regulação e rastreamento do conteúdo compartilhado na plataforma, já que nem mesmo a própria empresa pode visualizar as informações enviadas.