WhatsApp é o meio favorito para disseminação de “fake news”, aponta relatório

Equipe de Criação Olhar Digital21/05/2018 14h42

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As “fake news” já impactaram 8,8 milhões de pessoas no Brasil só no primeiro trimestre de 2018 — e o principal culpado disso parece ser o WhatsApp, segundo o Relatório de Segurança Digital do dfndr lab, laboratório de cibercrime da PSafe. O estudo, compartilhado em primeira mão com o Olhar Digital, aponta que 95,7% das notícias falsas detectadas pelo sistema da empresa no período de janeiro a março deste ano tiveram como meio de disseminação o app de mensagens.

Em comparação com o quarto trimestre de 2017, os primeiros meses deste ano tiveram um crescimento de quase 12% na propagação de conteúdos falsos. O tema favorito dessas notícias enganosas é saúde, pauta de 41% dos artigos encontrados pelo laboratório. Política, um assunto que deve ficar ainda mais em evidência em 2018, vem em seguida (38%), com celebridades aparecendo logo atrás (18%).

Já em termos demográficos, o relatório do dfndr lab mostra que a maioria dos usuários que acessaram notícias falsas estão no sudeste (47%) e no nordeste (28%) do Brasil. Só os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco são responsáveis por mais da metade desse volume de acessos bloqueados por uma ferramenta da empresa.

Pode ficar pior

Com Copa do Mundo e eleições acontecendo em breve, a expectativa é de que o volume de “fake news” aumente ainda mais no decorrer dos próximos meses. Diretor do laboratório, Emilio Simoni prevê “um crescimento de mais de 50% no número de bloqueios a acessos” feitos pelo sistema do laboratório só no próximo trimestre.

O problema é especialmente perigoso quando falamos das eleições. Nos Estados Unidos, acredita-se que as notícias falsas publicadas no Facebook tiveram um papel crucial na votação para presidente em 2016. “Repassadas em uma escala industrial, elas podem interferir nos processos decisórios de uma sociedade democrática”, acredita Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP, consultado pelo dfndr lab para o relatório.

No caos da rede social, medidas mais acertadas começaram a ser tomadas ainda no final de 2016. O WhatsApp, no entanto, ainda não conseguiu domar a propagação de “fake news”. Mas, consultada pelo Olhar Digital, a empresa dá recomendações para os usuários, que podem ser adotadas mesmo fora da plataforma: desconfie de mensagens com erros gramaticais, evite clicar em links desconhecidos, cheque as informações e promoções recebidas e, principalmente, não confie nas mensagens que pedem para você compartilhar o conteúdo com seus contatos — as ditas correntes de WhatsApp. É possível também denunciar esses conteúdos ilegais pela opção “Fale Conosco” no aplicativo.