Você muito provavelmente ouviu falar nos fortes ventos que causaram destruição em várias regiões do sul do país nesta terça-feira (30) e que nesta quarta (1) estão gerando vendavais e ressacas na região sudeste.
Eles foram causados por um tipo de ciclone extratropical que se formou no litoral da região sul, e que está sendo chamado de “ciclone bomba“. O nome certamente assusta e gera dúvidas: por que ele tem esse nome? É algo comum? Devemos nos preocupar com novos casos no futuro? O Olhar Digital explica.
O que é um ciclone?
Ciclones extratropicais são fenômenos que ocorrem nas zonas temperadas do planeta, que no hemisfério sul ficam entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico. No Brasil, isso engloba a região sul do país.
Eles se formam quando há diferenças na temperatura do ar, direção e velocidade dos ventos numa pequena região ou camada atmosférica. Com isso forma-se uma área de baixa pressão atmosférica, ou seja, o “peso” da coluna de ar sobre a superfície diminui.
Isso causa o aumento dos ventos, já que estes se deslocam sempre de áreas de alta pressão para as de baixa pressão. Também faz com que o mar fique mais agitado, já que com a pressão menor o nível da água sobe, gerando grandes ondas.
Vale lembrar que furacões, ciclones e tufões são o mesmo fenômeno, só têm nomes diferentes dependendo da região onde ocorrem. No Atlântico Norte e Nordeste do Pacífico, eles são chamados de furacões. No Noroeste do Pacífico são chamados de tufões, e no Pacífico Sul, Oceano Índico e Atlântico Sul são ciclones. Por isso é comum ouvir no noticiário sobre furacões atingindo os EUA e tufões no Japão.
Por que “bomba”?
Um ciclone é classificado como “bomba” quando essa queda de pressão é rápida demais, da ordem de 24 Hectopascais (HPa, a unidade usada para medir a pressão atmosférica) em 24 horas ou menos.
Quanto maior a queda de pressão, mais fortes são os ventos gerados. O nome foi cunhado por Fred Sanders, professor do MIT, devido à sua capacidade de causar grande destruição em um curto espaço de tempo, como a explosão de uma bomba.
O fenômeno que atingiu o sul do país gerou ventos de 121 km/h em Indaial, em Santa Catarina, por volta das 16h da terça-feira.
Vai acontecer de novo?
O ciclone desta terça-feira foi intenso, mas não inédito. Segundo a meteorologista Josélia Pegorim, do ClimaTempo, “ciclones extratropicais são muito comuns na América do Sul. E já tivemos outros com força desta ordem”.
Em 2004 o Ciclone Catarina, como ficou conhecido, atingiu o litoral de Santa Catarina, com ventos de até 176 km/h. Entretanto, ele foi um ciclone extratropical “tradicional”, se formando ao longo de um período maior de tempo.
A passagem de um ciclone extratropical, seja ele “bomba” ou não, traz como consequência chuva e queda na temperatura. Há possibilidade de neve no sul, e até mesmo de geada no sudeste. Melhor preparar um cobertor e, por via das dúvidas, fechar as janelas.