Vaza, Instagram! Moradores de uma rua de Paris não aguentam mais os “pseudofotógrafos” da rede social

Residentes pedem um portão nas extremidades da via contra a onda de turistas que querem tirar fotos na região
Redação06/03/2019 21h21, atualizada em 06/03/2019 22h40

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Mais um lugar público está se tornando vítima do ataque apaixonado e selvagem de “instagrammers”. E quem está perdendo o sono com isso são os moradores da Rue Crémieux, uma rua de Paris feita de paralelepípedos, sem circulação de carros e preenchida por casas de coloração pastel. Eles exigem que a prefeitura da cidade instale portões, até o próximo verão europeu, nas duas extremidades da via, impedindo visitantes aos finais de semana e à noite.

De acordo com o The Verge, os residentes afirmam que sua pequena e pitoresca rua se tornou lotada de turistas nessas horas. O problema, segundo eles, é que os visitantes não vêm apenas para admirar calmamente o local, mas para causar tumulto. “Nós nos sentamos para comer e, do lado de fora, temos pessoas tirando fotos – rappers que levam duas horas para filmar um vídeo logo na janela, ou festas de despedida de solteiro com gritaria por uma hora”, disse um morador a uma rádio local. “Francamente, é cansativo.”

Uma breve zapeada pela conta “Club Crémieux” no Instagram (ou pela hashtag #ruecremieux) mostra o porquê: flash mobs ocupando a estreita rua, uma banda de festas de casamento e visitantes praticando ioga em frente às portas das casas são algumas das cenas mais curiosas. Os “instagrammers” também estão fazendo da rua o seu próprio estúdio improvisado, levando acessórios que variam de óculos escuros a tênis e até mesmo roupas íntimas.

Xô, pseudofotógrafos!

A prefeitura de Paris terá até o próximo verão europeu (que ocorre entre junho e setembro) para encontrar uma solução, como exigem os moradores. Ainda assim, esta não seria a resposta mais dura para uma cultura que exagera nas infinitas fotos para a rede social controlada pelo Facebook.

Em 2016, a Brooklyn Heights Association, de Nova York, interrompeu seus 31 anos de programas de visitas a casas históricas depois dos residentes reclamarem que os visitantes tiravam e compartilhavam fotos de dentro de suas propriedades. Naquele mesmo ano, uma ponte abandonada no estado de Washington, que já foi uma joia escondida para os moradores locais, também foi desmanchada depois que multidões de fãs do Instagram continuaram subindo na ponte, apesar das placas que alertavam contra invasão.

Outros países também estão vivenciando ondas de turismo, em parte, por causa do Instagram. Islãndia, Peru, Nova Zelândia e Cuba, por exemplo, têm visto, desde 2014, mais visitantes que nunca, impactando as capacidades de infraestrutura dessas nações e aumentando os custos locais para residentes.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital