Uso de câmeras vai além da identificação de indivíduos

As câmeras de reconhecimento facial não são usadas só para identificação. Elas são úteis na segurança pública, no controle de estoque, na análise de emoções do consumidor e assim por diante
Roseli Andrion17/05/2019 12h52

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*De Paris, na França

Enquanto trabalha na integração dos sistemas para a Olimpíada de Tóquio 2020, a Atos desenvolve uma solução própria de reconhecimento facial. Inspirada na tecnologia que vai ser usada pela NEC nos Jogos Olímpicos do Japão, o conceito foi mostrado em uma corrida de rua em Londrina no início do mês.

O sistema foi usado para identificar atletas que se voluntariaram para participar do teste. Com câmeras com inteligência artificial e óculos de realidade virtual, agentes reconheciam os indivíduos cadastrados e podiam até escolher ações para executar – se um atleta precisasse de socorro, por exemplo, era fácil entrar em ação.

Soluções desse tipo levam alguns anos para serem desenvolvidas e aperfeiçoadas. Por isso, os fornecedores dos Jogos Olímpicos são escolhidos com antecedência. “Gostaríamos de usar a nossa tecnologia em Paris 2024. Ainda não há nada definido, mas estamos desenvolvendo o produto que pretendemos apresentar ao comitê organizador”, diz Eric Monchalin, vice-presidente responsável por inteligência artificial na Atos.

Mais do que reconhecimento facial

Os primeiros resultado desse trabalho vêm sendo apresentados pela empresa em encontros com parceiros e clientes, como o Atos Tech Days, em 16 e 17 de maio, em Paris. “Queremos aplicar nossa solução nos Jogos que vão ocorrer aqui”, explica. Segundo ele, o sistema vai ser capaz de adicionar valor às soluções de segurança com vídeo já existentes. “Ele faz um rastreamento dinâmico das pessoas, especialmente se houver comportamentos estranhos.”

Além disso, a ideia é incluir a análise de áudio. “Trata-se de um componente muito barato e atraente”, diz Monchalin. “O som é mais anônimo que o vídeo. Muita gente ainda se incomoda em ser filmada e fica estressada com as câmeras.” Ele conta que se pode, por exemplo, determinar a fonte ou o tipo de ruído e, a partir disso, decidir se imagens são necessárias. Mais do que uma solução de identificação, é um conceito de segurança pública.

Na mesma linha, a Atos propõe o uso de luminárias com câmeras na iluminação pública para permitir a análise de cenários específicos. “Elas não têm alta definição, até porque isso não é necessário, mas gravam sons. Assim, é possível avaliar o modo de agir das pessoas e, se necessário, ouvir o áudio para tirar conclusões mais precisas”, diz Albert Seubers, diretor global de estratégia de TI nas cidades na Atos.

Ele conta, ainda, que as lâmpadas podem ter cores (verde e vermelho, por exemplo) para ajudar na sinalização quando necessário. “Durante um evento de grande porte, como um jogo de futebol, por exemplo, é possível indicar que um determinado caminho está menos congestionado que outro.”

Câmeras para outras possibilidades

Outras soluções com o uso de câmeras usam a análise de vídeo para diferentes finalidades. Uma delas é o controle de inventário: sempre que um produto é retirado da gôndola, a imagem registrada pela câmera atualiza as informações do sistema de estoque (como a quantidade de itens ainda restante e o código do produto). Para o consumidor, fica claro quando o artigo acabou porque a etiqueta de preço eletrônica é igualmente atualizada.

Reprodução

Da mesma forma, quando o cliente para em frente a uma vitrine (ou mesmo em frente a uma gôndola), as câmeras podem detectar suas reações aos itens ali expostos. Se ele parecer interessado, é possível lhe fazer uma oferta especial para garantir que compre o produto. Há quem critique esse tipo de uso, por considerá-lo invasivo, mas alguns consumidores vão ficar contentes de poder receber esse tipo de oferta. É preciso, então, avaliar com cuidado a implantação desse tipo de solução.

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital