O Uber possui um experimento de ampliação de seus serviços em andamento em Denver nos Estados Unidos. As pessoas podem abrir o aplicativo da empresa, clicar no ícone de trem (‘Transit’) e adquirir por ali uma passagem do sistema público de transporte da cidade.
Desde 2015, a Uber assinou mais de 20 parcerias de transporte. O plano agora está sendo promovido por Dara Khosrowshahi, chefe executiva da empresa, para transformar a Uber na “ Amazon do transporte”. Nessa visão, a empresa se tornaria um ponto único para viagens de carro, bicicleta, scooter, ônibus e trem.
Como funciona?
As parcerias de transporte público da Uber variam de acordo com o local. Na maioria dos acordos, as cidades aproveitam a rede de motoristas da empresa para oferecer viagens em áreas que não têm rotas de ônibus confiáveis.
As cidades muitas vezes subsidiam essas viagens para que os passageiros paguem o que equivale a uma tarifa de ônibus, em vez de uma taxa típica da Uber. A empresa geralmente recebe um subsídio da agência de trânsito, um pagamento do passageiro ou ambos.
Em Denver, porém, a parceria é centrada em passagens. Através do aplicativo do Uber, as pessoas tem uma nova maneira de comprar ingressos e obter informações sobre horários de trens e ônibus. O Uber não ganha dinheiro vendendo os ingressos, mas se beneficia quando os compradores de ingressos pedem uma viagem até a estação.
Parceria complicada
A Uber mostrou-se capaz de oferecer transporte barato e flexível, porém, para os órgãos públicos ainda existe uma dúvida sobre até onde se deve deixar a empresa interferir na cidade. Com o número de passageiros em sistemas de transporte público caindo nas principais áreas metropolitanas nos Estados Unidos, as agências disseram que arriscariam ceder ainda mais passageiros à Uber e serviços similares, como o Lyft.
As autoridades também criticaram a Uber por não compartilhar dados suficientes, o que poderia ajudar as agências a planejar novas rotas de trânsito e acreditam que mais atividade dessas empresas congestionaria a cidade.
“Há questões reais sobre formar parcerias que podem acabar afastando os passageiros do transporte público”, disse Adie Tomer, membro do grupo de política metropolitana da Brookings Institution, que estuda o uso de infra-estrutura. “É um jogo perigoso para as agências de transporte público fazerem acordos com empresas de compartilhamento de veículos”.
Em uma declaração em abril, a Uber alimentou os temores competitivos dizendo que pretendia substituir o transporte público por completo. A sentença foi substituída em um documento posterior com a promessa de que o Uber integraria o transporte público em seu aplicativo “como uma opção adicional de baixo custo”.
A Uber não é a única: a Lyft tem 50 acordos de trânsito nos Estados Unidos. “Nós nos vemos como apoiadores da indústria de trânsito e queremos ver o número de passageiros em trânsito crescer e aumentar em todo o país”, disse Lilly Shoup, diretora sênior de políticas e parcerias da Lyft.
Experimento em Dallas
Uma das primeiras parcerias da Uber foi em 2015 com a Dallas Area Rapid Transit (DART). Naquele ano, o DART concordou em exibir temporariamente as viagens de Uber como uma opção em seu aplicativo durante as festividades do Dia de São Patrício. A promoção, destinada a dar aos celebrantes embriagados mais opções para chegar em casa com segurança, tornou-se tão popular que o DART eventualmente integrou o Uber em seu aplicativo permanentemente.
O DART agora subsidia viagens de Uber compartilhadas até destinos a poucos quilômetros de várias estações de trem públicas. A agência estimou que gastou US$ 15 por passageiro operando rotas de ônibus nessas áreas; agora economiza dinheiro pagando ao Uber menos de US$ 5 por pessoa.
Fonte: The New York Times